Falar sobre crenças é algo que faz parte da minha vivência e experiência profissional. Em diversos trabalhos que desenvolvi, inclusive livros, cursos e palestras, quando tenho espaço suficiente para tal, eu costumo adotar uma classificação das crenças que consiste em três tipos:
1) crenças sobre identidade;
2) crenças sobre capacidade;
3) crenças sobre merecimento.
Como o assunto é muito extenso e a proposta deste livro não é aprofundar-se especificamente em crenças, irei me limitar a explicar de forma breve essa divisão para que possamos seguir adiante rumo ao nosso foco principal, que são as crenças limitantes. Vamos começar, então, com o primeiro tipo, as crenças sobre identidade.
1. Crenças sobre identidade
A forma como você enxerga os outros e a você mesmo diz muito sobre você. Não existe resposta pronta para a indagação “quem sou eu?” Acredito que essa pergunta acompanha a humanidade desde os primórdios do tempo, juntamente com outras indagações do tipo “qual meu propósito? De onde vim e para onde vou?” Todo ser humano é, em algum momento de sua vida, assolado por tais dúvidas. Essas perguntas estão marcadas em nosso registro inconsciente.
O que significa, afinal, ser alguma coisa? Muitas pessoas passam a vida inteira buscando algo que console essa terrível dúvida existencial. O maior erro da humanidade atualmente é confundir aquilo que somos com aquilo que temos. Posses materiais, bens, imóveis, carros e motos, salários etc. são exemplos de coisas que podemos ter. Essas coisas materiais, entretanto, não são a essência do nosso ser.
A luz é a essência do que somos. Somos Seres de Luz. Fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Carregamos em nós um traço da divindade. Todo ser humano possui um valor em si mesmo justamente por ser humano. Todo ser humano deve, portanto, ser respeitado como tal e tratado com dignidade. Reconhecer ou não esse valor é a base das nossas crenças sobre identidade. Como você se reconhece?
Muitas pessoas têm crenças equivocadas sobre sua própria identidade: confundem seu ser com o ter. Você se considera uma dessas pessoas? Alguns dizem para si mesmos: “não sou ninguém” ou “não possuo nenhum valor”, “sou um pobre coitado” etc. Essas crenças acabam realmente determinando o ser dessas pessoas, suas atitudes e seus comportamentos. Pessoas que reconhecem seu próprio valor irão reconhecer também o valor de outras pessoas e tratar o próximo com a dignidade e o respeito que ele também merece.
A crença sobre identidade é o primeiro padrão de crença que vivemos e, portanto, é o primeiro sobre o qual devemos refletir. Antes de pensar no que você tem ou não tem, no modelo do seu carro ou nos dígitos da sua conta bancária, antes de pensar no que você estudou, ou em qual é o seu título, sua posição ou seu status social, antes de tudo isso, lembre-se: você é um ser humano. Todo ser humano possui um potencial infinito para realizar qualquer coisa. Não desperdice o seu potencial: valorize-se.
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2. Crenças sobre capacidade
O segundo padrão de crenças que construímos diz respeito à nossa capacidade. São as crenças a respeito de nossas competências e aptidões, daquilo que acreditamos ser ou não capazes de fazer. Esse padrão é importantíssimo, porque influencia diretamente as decisões que tomamos e os riscos que assumimos.
Se eu perguntasse para você, agora, se você se sente capaz, o que você me responderia? Talvez você se pegasse pensando “capaz de quê?” De fato, desenvolvemos habilidades específicas no decorrer da vida, e cada um de nós tem dificuldades ou facilidades em determinadas atividades. Essa programação interna que criamos acerca das nossas próprias competências é absolutamente determinante para tudo o que fazemos ou deixamos de fazer.
Eu, por exemplo, como cientista e estudioso do comportamento humano, sempre tive uma inclinação muito maior para conhecimentos dessa área, envolvendo muita leitura, comunicação e contato com outros seres humanos. Não é difícil de imaginar que a Física, por exemplo, não é a minha especialidade.
Mas isso não quer dizer que eu não me sinta capaz de aprender Física, significa apenas que me especializei em outros conhecimentos específicos. Durante meus anos de estudante, inclusive, sempre fui considerado um bom aluno em todas as matérias, porque sempre tive essa sensação quase intuitiva da importância da crença em minha capacidade. Um exemplo muito comum em relação ao estudo e à crença sobre a capacidade, que você também já deve ter visto, é o aprendizado de outros idiomas durante a fase adulta.
Eu já perdi a conta de quantas vezes eu já escutei a frase “meu sonho é aprender inglês”. Quase sempre essa frase vem acompanhada de um “mas…” e, em seguida, de alguma crença limitante. Ou estão velhos demais para aprender, ou não têm o tempo necessário, ou não levam jeito. Enfim, a lista de justificativas que as pessoas criam para si mesmas é muito extensa. Todas, no fim, se resumem a uma crença: “não sou capaz”. Ora, parece extremamente óbvio que alguém que não se acredita capaz de aprender algo, de fato, não consiga aprender.
Mas, apesar de óbvio, por que então tantas e tantas pessoas insistem nessa crença? A questão é complicada, principalmente porque a maioria das pessoas nem sequer se dá conta de suas crenças limitantes. É por isso que eu insisto tanto no autoconhecimento, processo através do qual podemos tomar consciência dessas crenças.
Ainda seguindo esse mesmo exemplo, você sabe por que as crianças conseguem aprender não só idiomas facilmente, mas qualquer coisa que lhes ensinem? É porque, quando estimuladas, elas não têm ainda crenças limitantes acerca da sua própria capacidade. Para elas, não existe fácil ou difícil. Muitas crenças limitantes surgem do medo: medo de passar vergonha, medo de se constranger, de ser humilhado, medo de falhar. E é justamente por não ter esse medo de errar que as crianças aprendem tanto.
Elas erram uma, duas, várias vezes, mas continuam repetindo até conseguirem. Conforme vamos crescendo e nos tornando adultos, começamos a nos preocupar cada vez mais com nossa imagem e com o que os outros vão pensar de nós. Essa preocupação gera os sentimentos de medo e ansiedade. Por isso é comum que deixemos de nos sentir capazes.
Às vezes, chegamos a dizer que não somos capazes apenas para nos defender de um possível fracasso. De qualquer forma, independentemente dos motivos que cada um tenha, muitas vezes não nos sentimos capazes de fazer algo. Mesmo pessoas que reconhecem sua própria inteligência e força sentem esse medo.
Talvez por falta de prática e de experiência você se sinta inseguro, o que é absolutamente normal. Podemos estudar todas as teorias do mundo, mas sem a prática não teremos nenhum resultado. Muitas pessoas extremamente inteligentes têm essa dificuldade de pôr o que sabem em prática, porque a cognição é apenas uma parte de um sistema maior. Nossa cognição é extremamente importante, porém, sem um sistema de crenças motivadoras e estabilidade emocional, sentiremos sempre receio e dúvida em relação à nossa própria capacidade.
3. Crenças sobre merecimento
Tudo na vida é merecimento. Se você não acreditar no seu merecimento, por mais que você reconheça o seu valor e a sua capacidade, por mais que você diga a você mesmo “sou honesto, sou inteligente, consigo fazer”, de nada adianta isso se você não sentir que merece obter o sucesso em qualquer empreitada que seja.
Em um primeiro momento, talvez lhe pareça estranho pensar que nós nos sabotamos por não nos sentirmos merecedores, mas isso ocorre porque esse processo é tão inconsciente, que é realmente difícil percebê-lo. Um exemplo clássico disso é aquela famosa frase, muito usada quando uma pessoa se apaixona por alguém atraente fisicamente, ou com qualidades e talentos verdadeiramente admiráveis: “Ela é muita areia para meu caminhãozinho”.
Eu admito que essa é uma frase até mesmo um tanto cômica e que muitas vezes é usada em tom de brincadeira. Porém, no fundo, ela revela uma crença sobre merecimento. É como se, bem lá no fundo, a pessoa não sentisse que merecesse o que deseja. Você se sente capaz, sabe que é bom, reconhece seus valores e mesmo assim se sabota. Por que sentimos isso? Às vezes, as pessoas se acostumam tanto com as migalhas que caem por acaso, que se dão por satisfeitas sem jamais ousarem comer o banquete diretamente do prato.
Esse erro é tão comum, que acaba se tornando uma espécie de programação mental limitante. Essas pessoas estão tão habituadas a perder, que chegam a acreditar que vencer seria injusto. Eu entendo bem esse sentimento, pois tive que enfrentá-lo ao longo da minha carreira. Eu também já tive crises financeiras, já tive momentos verdadeiramente desafiadores.
Mas essas crises passaram quando eu entendi o que precisava fazer, quando eu decidi me libertar, ter fé em minhas capacidades. Levou algum tempo, mas finalmente tive o insight que mudou a minha vida. Entendi a principal diferença entre pessoas de sucesso e pessoas medianas A principal diferença entre essas pessoas é a sua noção de merecimento.
Pessoas de sucesso acreditam que merecem ser pessoas extraordinárias, por isso não se contentam com a média. Quando percebem uma oportunidade, elas a agarram e correm atrás de seus sonhos. E, quando as oportunidades não aparecem, não ficam esperando que algo aconteça, elas criam, por si mesmas, os meios de realizarem os seus sonhos.
Pessoas com crenças limitantes sofrem muito com dúvidas quando estão diante de situações críticas, que exigem tomadas de decisão. Elas ficam sujeitas ao medo e à insegurança, afinal não acreditam em si mesmas, não acreditam que merecem as oportunidades que o Universo lhes proporciona, por isso acabam deixando que elas passem.
Se você se sente assim neste momento, a boa notícia é que você pode mudar isso, trabalhando as suas crenças limitantes. Se programarmos nosso mindset com crenças fortalecedoras, podemos aumentar nossa coragem e perseverança, além de criarmos a resiliência necessária para buscar nossos sonhos.
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