Estou convencido de que a importância da liberdade é um consenso quase universal. Muito já foi dito e escrito sobre liberdade ao longo da história da humanidade, mas, paradoxalmente, a maioria das pessoas não deseja ser livre. Talvez você esteja exclamando nesse exato momento: “Como assim, José Roberto? É claro que eu desejo ser livre”. Calma, eu explico.
Primeiramente, eu acredito que você quer, sim, ser livre. Caso contrário, você não estaria lendo este livro, não é mesmo? Mas acontece que, em geral, temos medo da liberdade. Temos medo da liberdade porque a liberdade traz consigo uma certa incerteza. Quando se é livre, tudo é possível. E acredite, isso é assustador no início, mas é a conquista dessa liberdade que nos transforma e nos eleva a um próximo nível.
Nossa sociedade tem uma quantidade muito grande de leis, códigos de conduta, códigos de etiqueta, códigos morais, doutrinas religiosas, entre tantos outros códigos. Com tantas regras sociais é muito fácil perder de vista a liberdade e a autonomia em favor de uma vida “nos conformes”, dentro do que é socialmente aceitável e de uma conduta considerada normal. Há motivos para a maioria das regras existir.
Eu seria um tolo se não reconhecesse isso. Não estou sugerindo, portanto, que simplesmente abandonemos todas as convenções e vivamos segundo nossos desejos egoístas. Muito pelo contrário: nossa conduta moral deve ser fruto de uma escolha interna e pessoal, refletida e amadurecida.
Minha intenção no parágrafo anterior era chamar a sua atenção para como é fácil nos perdermos no dia a dia automatizado de nossas rotinas. E digo “perder” literalmente, porque perdemos uma parcela incrível e maravilhosa de nós quando, em vez de sermos autênticos, apenas seguimos cegamente todas as condutas que nos foram incutidas desde nossa infância.
Por que, então, é tão difícil ser autêntico? Primeiramente, porque o ser humano tem uma necessidade natural de segurança. Faz parte do nosso sistema evolutivo e adaptativo a necessidade de nos sentirmos seguros. Buscamos segurança tanto física quanto emocional, espiritual e psicológica. Essa busca se desdobra nas mais variadas formas de convívio, socialização e avanços tecnológicos. Uma rotina fixa e previsível, por exemplo, é uma forma de a mente se sentir segura, como em uma zona de conforto.
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A partir de um ponto de vista evolutivo, seguindo nossa linha de raciocínio, constituímos agrupamentos sociais para garantir maiores chances de sobrevivência. Desde os primórdios da humanidade, o ser humano constrói famílias, pequenos grupos sociais, até cidades e sociedades inteiras. Sem dúvidas existem muitos desdobramentos e nuances possíveis de serem analisadas a esse respeito. Peço, entretanto, sua complacência, para nos atermos somente a um tópico específico que pretendo explorar junto com você: o medo.
A maioria das pessoas não deseja ser livre justamente porque tem medo. Temos medo da liberdade porque a liberdade traz consigo uma espécie de futuro incerto, e a incerteza mexe com nossas estruturas mentais mais primárias e mais primitivas. Temos medo do que é incerto. Temos medo do desconhecido. Isso é algo comum a todos nós, em maior ou menor grau. Eu já me deparei com esse medo inúmeras vezes, tanto em mim mesmo quanto em vários coachees que já atendi.
Quantas pessoas você mesmo não conhece que odeiam o trabalho que fazem e mesmo assim continuam nesse trabalho dia após dia? Ou que se mantêm durante anos em um relacionamento sem amor e vivendo infelizes? O medo do que poderia acontecer fora dessa rotina enclausurante é tão grave quanto capaz de manter essas pessoas presas em tais condições por toda a vida. E, nesses casos, só existe uma única saída possível: libertar-se. No fundo, quase tudo sempre se revolve a um ponto central: autoconhecimento.
É preciso se conhecer. Isso é tão importante, mas tão importante, que, se você aprendesse apenas isso deste livro inteiro — a importância do autoconhecimento —, eu já me sentiria grato por ter compartilhado o que possuo de mais valioso.
O autoconhecimento é a chave para a libertação. E neste capítulo eu pretendo compartilhar com você um pouco a respeito de como reconhecer os próprios medos, suas causas e como superá-los.
Nenhuma mudança é possível sem compreender a si mesmo. O ato de conhecer-se a si mesmo é, por si só, uma mudança espontânea. Conhecer-se é curar-se. Somente em estado de liberdade é possível viver uma vida plena de amor.
Um amor verdadeiro, não por comodidade ou por medo da solidão. Um amor que é verdadeiramente direcionado a algum próximo, e não para si mesmo. Um amor que não cria condições e nem cria uma balança para pesar o nível da sua satisfação pessoal, mas que cria laços e conexões profundas e sinceras de cuidado um pelo outro. Um amor desse tipo só é possível em estado de liberdade. E, acredite, a vida com amor vale muito mais a pena.
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