Toda dor deixa atrás de si um rastro de sofrimento. Não posso negar a existência dessas reminiscências deixadas por experiências dolorosas. Segundo essa concepção, podemos perceber que os resíduos de dor se juntam como uma espécie de efeito bola de neve, e, quando menos percebemos, temos uma verdadeira avalanche emocional desabando sobre nós.
Essas experiências de dor e sofrimentos passados criam algo que eu gosto de chamar de memória de dor. “Memória de dor” é uma expressão que eu uso para me referir a todo um corpo de sofrimento que é acumulado ao longo do tempo.
Desde aquelas experiências traumáticas na infância e adolescência, maus-tratos ou abusos, até mesmo decepções amorosas ou perdas repentinas de familiares, tudo isso forma a nossa memória de dor. Essa memória de dor, de sofrimentos acumulados, é um verdadeiro campo de energia negativa que aos poucos toma todo o seu corpo e sua mente.
Em alguns casos, essa memória de dor é sentida de forma muito intensa na maior parte do tempo. É o caso da depressão, por exemplo. Depressão é excesso de passado, é um estado patológico em que o sujeito vive intensamente suas memórias de dor.
Existem pessoas, por outro lado, que sentem suas memórias de dor apenas em alguns casos ou situações específicas. Essas pessoas são, em geral, estáveis, mas estão suscetíveis a reviverem suas memórias de dor. Alguns exemplos que podem desencadear essas dores são: o término de um relacionamento íntimo, o falecimento de algum ente querido ou o abandono de modo geral.
De qualquer forma, independentemente do motivo que desencadeia a memória de dor em alguém, essa dor está sempre presa ao passado. Toda memória de dor é o eco de uma dor sofrida no passado e que insiste em permanecer dentro de nós. Um simples pensamento ou uma frase podem ser suficientes para ativar uma memória de dor em estado latente.
Algumas memórias de dor podem ser constantes, mas relativamente inofensivas. É o caso, por exemplo, daquelas pessoas que se queixam e se queixam incessantemente. Outras, ao contrário, podem ser profundamente negativas e até mesmo destrutivas para si mesmas e para pessoas próximas.
O que podemos fazer, portanto, para nos libertarmos da nossa memória de dor? A primeira coisa que você deve ter em mente é que não podemos lutar contra nenhuma memória. Ninguém é capaz de vencer “pela força” a sua própria memória de dor. Aqueles que tentam fazer isso acabam quase sempre criando ainda mais sofrimento.
Lutar contra a memória é criar um conflito interno, e o que nós queremos é nos libertar desse tipo de conflito. Não existe outra solução: para ser livre é preciso ressignificar, retirando a carga negativa da memória. Nosso passado é o que ele é, e nada no mundo jamais poderá mudar isso. Aceitação é a chave, quer gostemos, quer não. Sim, eu sei que não é fácil, mas ninguém disse que seria. Amadurecer é sempre desafiador.
Pessoas que estão presas ao passado, presas às suas memórias de dor, são pessoas sem vida produtiva, pois não conseguem seguir adiante. Quando tudo que você vê é a dor, então não existe mais nada que não seja dor.
Acredite, é impossível evoluir estando preso ao passado, por isso é preciso dar novo sentido a ele. Pense e repense a sua história e diga a verdade para você mesmo: existe algo que te prende ao seu passado? Uma briga, um desentendimento, um abandono ou o que quer que seja? Se sim, essa é a sua hora de fazer uma escolha que pode mudar a sua vida.
Eu te convido a escolher agora mesmo se você quer viver agora ou continuar no passado e morrer no presente. Quantas pessoas você conhece que também passam por isso? Quantas pessoas, amigos, companheiros e até mesmo familiares vivem em uma verdadeira prisão, remoendo as mesmas dores e angústias do passado dia após dia? Quantas pessoas não passam a vida se lembrando daquilo que aconteceu ou deixou de acontecer, daquela oportunidade que nunca obtiveram, da oportunidade que nunca lhe deram…?
E eu te pergunto: você acha que essas pessoas estão vivendo de verdade? Estão vivas no presente ou somente no passado? Na prática, tudo o que existe para elas é dor e passado. E eu repito: quando você vê apenas dor, não existe mais nada além de dor.
Existe também uma crença surpreendentemente mais comum do que deveria ser, e absolutamente infundada, de que há uma “conspiração” universal contra nós, uma espécie de trama do destino para dificultar nossa vida ou nos trazer sofrimento.
Eu costumo chamar essas crenças de programação mental pessimista. No fundo, trata-se de um mindset repleto de crenças limitantes. É por isso que eu acredito que mesmo as nossas dores vêm por um motivo, e esse motivo é sempre evolutivo. Algumas pessoas podem acreditar que tudo acontece para nos prejudicar, mas eu prefiro acreditar que tudo acontece para nos ajudar a evoluir. Eu sei, por experiência própria, que é a partir das nossas dores mais profundas que despertarmos os nossos poderes mais incríveis.
Esse conhecimento tem se espalhado cada vez mais pelo mundo, e eu acredito que um dia todas as pessoas saberão disso. Tenho trabalhado muito nesse sentido e acredito verdadeiramente que viverei o suficiente para ver mudanças significativas na humanidade.
Acredito nisso porque essa é minha missão. Através da ciência, o homem pode chegar ainda muito, muito mais longe. Sei que sou apenas um elo nessa história, mas me esforço para fazer a minha parte da melhor forma possível. Acredito que tudo que nos faz sair do lugar é algo bom. Tudo o que nos move e que nos impulsiona é uma oportunidade do Universo, de Deus, ou de uma Força Maior, conforme fizer mais sentido para você. Todas as adversidades do mundo trazem consigo a chance de nos revelar algo sobre nós mesmos.
Se você entender isso, sua vida nunca mais será a mesma. Da mesma forma que eu pude transformar minha vida, você também pode transformar a sua, acredite. A sua história é repleta de acontecimentos únicos e de descobertas únicas.
Você é capaz de despertar um poder que eu não sei qual é, mas eu tenho certeza de que ele existe dentro de você. Eu já tive três crises financeiras ao longo da vida e mesmo assim eu não aprendia o que estava fazendo de errado. Até que eu finalmente compreendi que aquelas crises eram na verdade um presente. Isso mesmo: um presente para me despertar, para despertar o meu poder.
Todos nós possuímos uma mente consciente e cognitiva, capaz de raciocinar de forma lógica tudo que a gente pensa e entende. Mas nossa mente possui também reservas cerebrais de sombra e luz, da dualidade humana, que é a nossa mente subconsciente. Ela esconde as nossas mazelas, mas, também, o nosso poder. E temos, por fim, a nossa mente inconsciente, que é a nossa verdadeira fonte infinita de energia, a nossa Luz Divina.
Tudo que nós conseguimos entender e explicar vem da nossa mente consciente. Nossa mente, porém, esconde algumas coisas de nós, algumas coisas com as quais, talvez, não estejamos preparados para lidar. Isso acontece como uma espécie de defesa da mente. O pai e fundador da Psicanálise, Sigmund Freud, foi o primeiro a investigar a fundo esse mecanismo. Embora eu não goste dessa expressão, Freud usava o termo “material reprimido” para explicar esse processo. Em outras palavras, seria como dizer que tudo aquilo que nossa mente consciente não está preparada para lidar, nosso subconsciente o esconde de nós.
Quando temos um problema com o qual não sabemos lidar, ou demandas que não sabemos trabalhar, nossa mente tende a escondê-los da nossa consciência. O problema é que isso não resolve nada. Escondemos apenas superficialmente; somente o suficiente para nossa mente consciente não perceber. Mas, lá no fundo, no nosso inconsciente, esses problemas continuam nos afetando e nos limitando muito.
Nosso subconsciente esconde nossas dores, mas o preço que pagamos é que ele acaba escondendo também outra coisa no processo: o nosso poder. Escondemos de nós mesmos as nossas fraquezas e as nossas forças. Não despertamos nossa força porque achamos que nunca estamos prontos. Quando você não tem crenças de merecimento, você nunca se sente pronto o suficiente, nunca se sente verdadeiramente capaz. Você esconde o seu próprio poder em vez utilizá-lo. Você não aceita sua própria genialidade e sua divindade interior.
É por isto que nossas dores são um presente, porque, por um lado, elas nos dão a chance de despertar esse poder esquecido dentro de nós. Para que algo aconteça, às vezes precisamos levar uma sacudida, um empurrão que nos tire do lugar. A ascensão do nosso poder tende a ser difícil, pois exige aceitar o próprio poder, e isso significa aceitar também as próprias fraquezas e as próprias dores. Você tem dentro de você mesmo a chave para se libertar e também para ajudar a libertar as pessoas que estão próximas de você.
Diga para você mesmo e diga para essas pessoas: “Eu reconheço e aceito minha dor, eu me conecto com minha dor, eu entendo a minha dor”. Mesmo que você não tenha passado pelas mesmas experiências que outras pessoas, você é um ser humano e um ser de luz.
Você é capaz de se conectar com outros seres humanos, basta querer. Não consigo sequer manter uma conta exata de quantas pessoas eu já atendi nos últimos anos, inclusive pessoas próximas de mim, que diziam: “Não posso superar o que aconteceu, não aceito isso, não consigo aceitar isso”. Essas pessoas estavam literalmente vivendo no passado. O que eu aprendi é que temos que ser honestos conosco para sermos honestos com os outros e nos conectarmos genuinamente com suas dores.
Por fim, o que eu tenho a lhe dizer, caro leitor, é algo que eu já disse muitas vezes e direi ainda muito mais, enquanto for necessário: eu sinceramente não sei se eu suportaria viver o que você viveu, não sei se eu estaria vivo, não sei se estaria bem.
Somente você conhece a sua verdadeira história. E você está vivo, você já passou por isso e aquilo, você suportou, então deixe isso tudo para trás e se desconecte da sua memória de dor. O caminho está aberto à sua frente, mas somente você pode começar essa caminhada. Somente você pode percorrer esse percurso. Ouse dar o primeiro passo em direção ao futuro, e você verá transformações verdadeiramente profundas em sua vida.
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