A neurobiologia das emoções: como elas afetam a sua saúde?

Como as emoções afetam a sua saúde“Mente sã, corpo são”, já diz o ditado. Isso significa que parece existir uma correlação entre o nosso bem-estar físico e o nosso bem-estar mental. Em outras palavras, a maneira como sentimos e lidamos com as nossas emoções pode afetar o nosso organismo de diferentes formas, até mesmo nos tornando mais propensos a determinadas doenças.

Mas o que exatamente são emoções? Por que elas existem? Neurobiologicamente, por que alguns sentimentos podem enfraquecer o corpo? O que nós podemos fazer diante dessa realidade que a ciência tem provado? Neste artigo, você vai conferir todas essas respostas e muito mais. Continue a leitura e descubra!

O que são emoções? Por que elas existem?

As emoções são reações físicas e psicológicas que o nosso organismo produz para refletir o nosso estado interno ou como reação a estímulos externos. Alegria, tristeza, raiva, medo e surpresa estão entre os exemplos mais conhecidos. As emoções não são apenas sentidas internamente, mas também expressas por meio de mudanças fisiológicas, expressões faciais e atitudes que correspondem a esses estados sentimentais.

Mas por que as emoções existem? Bem, se pensarmos nas emoções positivas, certamente a vida teria menos graça sem elas. Como viver sem alegria, amor, entusiasmo? Mas e quanto às emoções consideradas negativas? Por que elas existem?

Tudo o que existe no nosso corpo e na nossa mente na atualidade é resultado de milhares de anos de adaptação e evolução da espécie. Isso significa que até mesmo sentir medo, raiva ou ansiedade é importante para a nossa sobrevivência e para o nosso progresso. Confira alguns exemplos:

  • Alegria: nos faz identificar estados positivos, como vitórias, amizades e saúde. Desperta a motivação e nos ajuda a buscar recompensas.
  • Tristeza: nos permite identificar situações que são negativas, de modo que possamos agir no sentido de evitá-las futuramente.
  • Raiva: nos faz detectar e reagir às injustiças, a fim de que possamos nos defender.
  • Ansiedade: nos leva a identificar potenciais ameaças futuras, de modo que possamos agir antecipadamente e evitá-las.
  • Medo: nos faz identificar os problemas do presente para que possamos nos defender e nos proteger.
  • Gratidão e empatia: nos leva a expressar apreço pelos que convivem conosco, o que tende a fortalecer os vínculos sociais que estabelecemos.

Dessa forma, as emoções, ao contrário do que algumas pessoas dizem, não são “obstáculos” à racionalidade. Desde que consigamos administrar a intensidade do que sentimos, razão e emoção podem trabalhar em conjunto para o nosso sucesso. Aliás, esses sentimentos têm bases biológicas e evolutivas, desempenhando papéis na sobrevivência, evolução, comunicação e tomadas de decisões. Emoções são parte da experiência humana.

Neurobiologia: como as emoções surgem e são processadas no cérebro?

Há uma série de estruturas cerebrais complexas e interconectadas, com diferentes funções, envolvidas no surgimento e no processamento das emoções em seres humanos. Confira as principais delas:

  • Amígdala: considerada o centro das emoções no cérebro, a amígdala identifica e processa os estímulos emocionais. Quando percebemos algo emocionalmente relevante, ela detecta e inicia a resposta.
  • Córtex pré-frontal: recebe as informações detectadas pela amígdala, avaliando-as e administrando a intensidade do que sentimos. É o contraponto racional, que inibe reações impulsivas e nos ajuda a tomar decisões.
  • Hipotálamo: componente do sistema nervoso autônomo, controla a liberação dos hormônios relacionados às emoções. É ele quem eleva o cortisol e a adrenalina na corrente sanguínea em situações de estresse.
  • Corpo caloso: estrutura que faz a comunicação entre os hemisférios cerebrais, integrando as informações racionais e emocionais para manter o equilíbrio.
  • Hipocampo: estrutura associada à formação de memórias relacionadas a eventos emocionais, nos permitindo recordar experiências passadas. É o que faz você ter cautela perto de cães quando se lembra de que um deles o mordeu na infância.

Esse processamento emocional é profundamente interconectado e, em muitos casos, ocorre de maneira simultânea e rápida. As emoções podem ser influenciadas por fatores genéticos, experiências passadas e contexto social.

Como as emoções afetam o nosso corpo?

Como você conferiu no item acima, as emoções humanas envolvem uma série de substâncias conhecidas como neurotransmissores. Por algum tempo, acreditava-se que essas substâncias permaneciam sempre no cérebro. Hoje em dia, a ciência já sabe que esses neurotransmissores unem-se a uma cadeia de aminoácidos e caem na corrente sanguínea.

Dessa forma, as emoções que sentimos são propagadas a cada célula, tecido e órgão do nosso corpo, e é nesse momento que a saúde física e a saúde mental se conectam. É aí que identificamos uma série de reações físicas com causas emocionais. Por exemplo:

  • Sistema de “luta ou fuga”: aumento da frequência cardíaca, pressão arterial, liberação de hormônios do estresse (como o cortisol e a adrenalina) e dilatação das vias respiratórias para permitir uma resposta rápida a uma ameaça percebida.
  • Sistema imunológico: emoções intensas tendem a suprimir o sistema imunológico, tornando o corpo mais suscetível a doenças e infecções.
  • Sistema cardiovascular: raiva e estresse crônicos podem aumentar o risco de problemas cardiovasculares, como hipertensão, infarto do miocárdio e AVC.
  • Sistema digestório: emoções negativas tendem a gerar diarreia ou prisão de ventre, além de úlceras, síndrome do intestino irritável e transtornos alimentares.
  • Sono: o excesso de cortisol e adrenalina gera insônia ou um sono de baixa qualidade. Já o relaxamento nos leva a dormir melhor.
  • Tensão muscular: as emoções negativas, ainda no sistema de “luta ou fuga”, geram tensão muscular para que possamos nos defender das ameaças, mas também geram dores, lesões e inflamações.
  • Envelhecimento precoce: estresse crônico e emoções negativas estão associados também ao envelhecimento celular precoce e ao aumento do risco de doenças relacionadas à idade.

Por que o sistema imunológico é o mais impactado?

Se as nossas emoções são causadas por neurotransmissores que caem na corrente sanguínea, isso significa que cada célula, tecido e órgão do nosso corpo são capazes de senti-las de alguma maneira.

Depois dos neurônios, que são as células do sistema nervoso, a célula humana que mais tem receptores químicos é a célula do sistema imunológico. Estamos falando dos neutrófilos e dos macrófagos, que defendem o nosso organismo de qualquer invasor, como vírus e bactérias.

Essas células são mais sensíveis aos impactos das emoções negativas, pois os neurotransmissores cortisol e adrenalina têm a capacidade de suprimir temporariamente a função do sistema imunológico, desviando recursos do corpo para a resposta de “luta ou fuga”. Embora isso seja útil em situações de curto prazo, o estresse crônico pode resultar na supressão prolongada do sistema imunológico.

Quando isso ocorre, fica mais difícil que essas células, enfraquecidas, combatam os microrganismos que causam doenças — o que nos torna mais suscetíveis a infecções, inflamações e doenças em geral.

Quer dizer que notícias ruins podem diminuir a nossa resposta imunológica?

Sim! Pode parecer surpreendente, mas situações estressantes que aparecem nas nossas vidas de forma crônica, ou seja, prolongada, podem nos adoecer não só mentalmente, mas também fisicamente.

Por isso, ficam aqui alguns questionamentos:

  • Você passa horas do dia assistindo às tragédias dos telejornais sensacionalistas?
  • Conversa com frequência ou por tempo prolongado com pessoas que só se lamentam dos problemas da vida?
  • Passa muito tempo pensando no que pode dar errado no futuro ou nos seus arrependimentos do passado?
  • Você se considera uma vítima de tudo e de todos?
  • Abre mão de socializar e conviver com pessoas que fazem bem a você, como amigos e familiares?
  • Não tem nenhum hobby ou momento de lazer?
  • Tem um estilo de vida nada saudável: sedentarismo, tabagismo, desidratação, má alimentação, sono irregular etc.?
  • Não procura ajuda de profissionais da saúde (psicoterapia e medicina) quando há algum problema emocional mais complexo?

Se as suas respostas foram afirmativas, saiba que o seu sistema imunológico corre grave perigo. A exposição contínua a notícias ruins ou eventos estressantes pode contribuir para a supressão do sistema imunológico, tornando o organismo mais vulnerável a infecções e doenças. É por isso que é importante adotar estratégias de gerenciamento do estresse e buscar apoio emocional quando necessário para manter um sistema imunológico saudável.

E como administrar o estresse?

Existem várias estratégias eficazes de gerenciamento do estresse que podem ajudar a promover o bem-estar emocional e manter um sistema imunológico saudável. Aqui estão algumas delas:

  • Prática diária da meditação, especialmente do tipo mindfulness;
  • Rotina regular de atividades físicas;
  • Alimentação e hidratação adequadas;
  • Técnicas de relaxamento, como músicas relaxantes, automassagem e respiração diafragmática consciente;
  • Sono equilibrado e abstinência de álcool, tabaco e cafeína;
  • Estabelecimento de limites pessoais — saber dizer NÃO;
  • Rede social de apoio, com amigos e familiares;
  • Hobbies e atividades que geram prazer, como esportes, dança, artesanato, música, leitura etc.;
  • Gerenciamento adequado do tempo e da agenda;
  • Psicoterapia (mesmo sem uma questão psicológica grave);
  • Prática diária da gratidão (agradecer por tudo de bom que você tem);
  • Se fizer sentido para você, vivenciar a sua espiritualidade/religiosidade.

Em conclusão, a compreensão da neurobiologia das emoções e do seu impacto na saúde é fundamental para promover o bem-estar. As emoções desempenham um papel central na nossa vida, influenciando a nossa saúde física e mental. Ao adotar estratégias de gerenciamento do estresse, cultivar emoções positivas e buscar apoio emocional quando necessário; nós podemos fortalecer o nosso sistema imunológico, reduzir o risco de doenças e desfrutar de uma vida mais equilibrada e saudável.

O conhecimento é o primeiro passo para uma transformação positiva, permitindo-nos tomar as rédeas das nossas emoções e, assim, moldar um futuro mais saudável e mais feliz!

E você, ser de luz, como tem administrado essa conexão entre a saúde mental e a saúde física? Deixe o seu comentário no espaço a seguir. Além do mais, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!

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