O Espiritismo, embora seja popularmente reconhecido como uma religião, é, na verdade, uma doutrina filosófica que tem como objetivo explicar os princípios básicos do Cristianismo à humanidade.
Essa doutrina foi codificada e popularizada no século XIX pelo francês Hippolyte Rivail, mais conhecido pelo pseudônimo Allan Kardec. Analisando o fenômeno das mesas girantes na Europa, ele notou que havia a presença de espíritos dispostos a se comunicar com os vivos. Com essas interações, em perguntas e respostas, ele escreveu a obra-base do Espiritismo, o Livro dos Espíritos, por meio do qual explica a vida, a natureza, Deus e a pluralidade das existências.
Mesmo para quem não acredita em todos os princípios dessa doutrina, certamente há alguns ensinamentos que podem ser aproveitados. Por isso, convidamos você a compreender um pouco mais dos pilares do Espiritismo. Continue a leitura e confira!
1. Existência de Deus
Em primeiro lugar, o Espiritismo acredita e baseia a sua fé na existência de um Deus único, onipotente, onisciente e onipresente. Trata-se da inteligência suprema e causa primária de todas as coisas, seres e acontecimentos. Assim, todos os seres, animados e inanimados, racionais e irracionais, materiais e imateriais, estão sob o poder de Deus e sujeitos à lei do progresso. Jesus Cristo, criado igualmente por Deus, é modelo e guia para toda a humanidade, sendo uma bússola ética e moral para todos.
2. Existência e imortalidade da alma
De acordo com o Espiritismo, todos os seres humanos são providos de corpo e alma. O corpo é material, servindo às necessidades daquela encarnação específica. No entanto, a alma não morre. Ela sobrevive a diversas encarnações e corpos, mas é essencialmente a mesma. A comunicação com os espíritos é entendida como uma das formas de demonstrar a imortalidade da alma. Assim, quando alguém morre, fala-se apenas na morte do corpo, pois a alma segue a vida em outro plano.
3. Comunicação com os espíritos
A doutrina espírita define como mediunidade a capacidade que as pessoas têm de receber mensagens dos espíritos desencarnados. Segundo a doutrina, todas as pessoas têm essa propriedade, mas ela é mais forte em alguns indivíduos, conhecidos como médiuns.
Esses indivíduos, nas chamadas “sessões espíritas”, conseguem receber e transmitir essas mensagens, seja por meio da voz, seja por meio de mensagens escritas (psicografias). Orientações espirituais podem ser recebidas dessa maneira.
4. Lei de causa e efeito (ou lei de ação e reação)
De forma semelhante à física, o espiritismo também defende que toda ação tem uma reação. Sendo assim, tudo aquilo que pensamos, falamos ou fazemos terá consequências, seja nessa encarnação, seja nas próximas. Aliás, talvez aquilo que estejamos vivenciando hoje seja também consequência das nossas ações em vidas passadas. Por isso, responderemos pelo mal que fizermos, mas também colheremos os frutos do bem que praticarmos.
5. Livre-arbítrio e responsabilidade
Somos seres criados por Deus, mas isso não significa que sejamos “máquinas” programadas para agir desta ou daquela forma. Segundo o Espiritismo, o ser humano é livre para escolher os caminhos que desejar em cada encarnação, ainda que algumas provas sejam inevitáveis ao seu progresso. No entanto, conforme já citamos, cada ação tem uma reação, e não podemos fugir das responsabilidades consequentes das nossas escolhas.
6. Reencarnação
Isso nos leva ao conceito mais conhecido da doutrina espírita, que é justamente o de reencarnação. Segundo o Espiritismo, cabe ao espírito passar por sucessivas encarnações, onde possa diversificar as suas experiências de vida e, dessa forma, desenvolver diferentes qualidades que contribuam com o seu progresso espiritual.
Em corpos e vidas completamente diferentes entre si, mas sempre com a mesma alma, podemos aprender, ensinar e reparar as falhas passadas. Entretanto, quando encarnados, não nos lembramos das vidas anteriores.
7. Progresso espiritual contínuo
O Espiritismo defende que os espíritos são criados da forma mais simples possível. Em seguida, são encarnados nas sucessivas vidas que já citamos, de modo que possam desenvolver diferentes qualidades para evoluir espiritualmente.
Todo espírito está obrigatoriamente em evolução ou estacionário (parado no mesmo estágio evolutivo), mas nunca retrocede. A cada encarnação, conhecimentos e habilidades intelectuais e morais são desenvolvidos, até que, muito tempo depois, não haja mais a necessidade de reencarnação.
8. Plano divino
Toda essa dinâmica faz parte do chamado “Plano Divino”, ou seja, da vontade de Deus para conosco. Esse plano guia a evolução espiritual do universo e de todos os seres. Por mais que muitas das experiências das encarnações envolvam sofrimento, elas são essenciais para que possamos evoluir em direção à perfeição.
Nesse momento, que demora inúmeras vidas para ser alcançado, o espírito não precisa mais reencarnar e permanece no plano espiritual, onde todo o sofrimento cessa e toda a evolução já foi alcançada.
9. Pluralidade dos mundos habitados
A doutrina explica que, durante esse processo evolutivo, composto por sucessivas encarnações, habitamos diferentes mundos ou planos de encarnação. Esses mundos são divididos em 5 categorias: mundos primitivos, mundos de expiações e provas, mundos de regeneração, mundos felizes e mundos celestes ou divinos.
Reencarnamos várias vezes em mundos de todas essas categorias, seguindo a ordem evolutiva, até que estejamos prontos para a próxima. A Terra, onde estamos na encarnação atual, encontra-se na segunda (expiações e provas), o que indica que ainda temos um longo caminho pela frente.
10. Caridade e amor ao próximo
O Espiritismo adota como um dos seus principais lemas a frase “Fora da caridade não há salvação”. Por caridade, não entendemos apenas as doações materiais e os favores que prestamos aos outros, mas toda situação de amor, de aconselhamento, de perdão das ofensas e de flexibilidade diante das falhas dos outros. Esses princípios morais, quando convertidos em ações práticas, são maneiras de seguir fielmente o exemplo de Jesus Cristo e, consequentemente, de evoluir espiritualmente.
Esses são alguns dos princípios e crenças que compõem a doutrina espírita. Lembre-se de que o Espiritismo pode ter variações na sua interpretação e prática, e as crenças individuais podem variar entre os seguidores dessa doutrina, embora esses sejam os seus pilares fundamentais. Trata-se de uma crença espiritual e filosófica com seguidores em todo o mundo, inclusive no Brasil, que busca promover a evolução espiritual, o estudo da moral e uma compreensão mais profunda da vida após a morte.
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