Na prática do Coaching, nós nos deparamos com diversas questões subjetivas que são de difícil manejo justamente devido ao enorme grau de complexidade que todo comportamento humano possui. Lidamos com crenças e valores, com ética e respeito, com metas e objetivos, estratégias de desenvolvimento profissional, emocional e até mesmo espiritual.
Neste sentido, gostaria de compartilhar com você, querido leitor e Ser de Luz, uma teoria que pode servir de ferramenta para esclarecer como funciona o processo de mudança.
Trata-se de um modelo de interpretação proposto por dois coaches, psicoterapeutas e especialistas em Programação Neurolinguística (PNL): Jane Turner e Bernard Hévin.
O ciclo da mudança é composto por quatro fases e dez etapas, e cada indivíduo pode avançar em sentidos diferentes, ir e voltar através dos diferentes níveis. Fica evidente, portanto, o caráter não-linear desse ciclo. É possível ficar estagnado em alguma etapa ou até mesmo saltar outras. Além disso, os autores diferenciam dois tipos de mudança: a transição de tipo 1, ou mudança do tipo Ter, e a transição de tipo 2, ou mudança do tipo Ser.
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1.Fase I – Alinhamento
Essa fase é fundamentalmente uma fase de sincronização. É o início onde tudo é possível. Ela é composta por três etapas:
1.1 1ª Etapa – Sonho
Essa é a etapa do planejamento, do engajamento com nossos sonhos. Nesta etapa, tudo é possível. Nossos sonhos estão sempre na base de nossos projetos de vida. Sonhamos com nossos projetos e projetamos nossos sonhos em nossas vidas.
Toda mudança precisa de pelo menos uma fonte de motivação. Nossos sonhos são uma importante fonte, pois nos levam a um engajamento verdadeiro com nossos projetos. Eles mobilizam toda nossa energia para um proposito final, que é a sua concretização.
Essa etapa é uma etapa que mobiliza o indivíduo para a mudança. É onde se criam planejamentos, projetos, objetivos. O trabalho do Coach nessa etapa é estar atento para as expectativas dos clientes e buscar sempre trabalhar dentro da realidade concreta em que está inserido, ajudando-o a traçar planos que estejam dentro do possível.
1.2 2ª Etapa – Lançamento
Esta é a etapa na qual o indivíduo se lança ao seu projeto e se permite correr os riscos que ele traz. É o momento de concretização dos planos e sonhos, através de estratégias e passos estruturados.
É uma etapa de grandes descobertas e aventuras, que coloca em xeque habilidades importantes, tais como: capacidade de adaptação, motivação e flexibilidade.
1.3 3ª Etapa – Planície
A etapa da planície se chama assim porque ela indica um ambiente plano, permitindo um momento de estabilidade. Nesse ponto do ciclo da mudança, o indivíduo se encontra num momento de florescimento de suas experiências.
É quando se começa a colher os frutos e os resultados dos trabalhos realizados. Obtém-se o sucesso pelas ações engajadas na realização dos sonhos e projetos e também o reconhecimento pelo esforço e a dedicação que o indivíduo realizou.
Esse período de estabilidade permite que a pessoa desfrute de suas conquistas e trabalhos. Porém, pode significar também um período de estagnação, dependendo do contexto das experiências de cada indivíduo.
2.Fase II – Dessincronização
Esta fase se apresenta em oposição à primeira fase, que chamamos de sincronização. Aqui já se faz presente um declínio, que geralmente é vivenciado como algo pouco estimulante, ou até mesmo frustrante. É uma fase marcada por rupturas e por tomadas de consciência. Essas rupturas significam uma força motriz para novas mudanças. Com a perda da estabilidade existente anteriormente, o futuro e o ambiente ao redor se tornam mais imprevisíveis.
2.1 4ª Etapa – Marasmo
A primeira etapa da fase de dessincronização é o “marasmo”. É uma desmotivação natural que ocorre com a estagnação. O marasmo pode ocorrer também devido a um projeto que não obteve sucesso e que precisa ser abandonado.
Isso faz com que o indivíduo fique a princípio apático e desinteressado. Começam, então, as rupturas. Essas rupturas criam uma experiência de luto em menor escala, pois significam o abandono e a perda parcial de atividades que receberam um investimento muito grande de energia.
Esse marasmo, porém, é perfeitamente natural e esperado. E são justamente as rupturas dessa etapa que possibilitam o início de novos processos de mudanças.
2.2 5ª Etapa – Organização
Creio que essa etapa pode ser chamada tanto de organização quanto de reorganização das coisas. Isso porque o ciclo da mudança não é um processo linear, o que significa que nem sempre os indivíduos chegam à dessincronização logo após o término da primeira fase.
Na etapa de organização/reorganização, o indivíduo já vivenciou o período de marasmo e estagnação e superou o luto causado pela ruptura com as ideias e projetos anteriores. Trata-se, portanto, de recolocar em cheque estratégias, sonhos e motivações, organizar e classificar as coisas. É o momento também de aprender com os erros.
2.3 6ª Etapa – Dizer adeus
A partir da organização da etapa anterior, o indivíduo estará apto para dar um fim ou dizer adeus a algumas estratégias e táticas que não funcionaram. Isso não significa desistência, mas uma possibilidade para reestruturar esses planos, metas e estratégias.
2.4 7ª Etapa – Reestruturação
A sétima etapa é um marco importante. As seis etapas anteriores configuram o que os autores chamam de transição de Tipo 1. Nesta etapa de reestruturação, existem duas possibilidades: é possível fazer uma micro transição para a primeira fase ou uma transição para a terceira fase.
A reestruturação é uma etapa intermediária. Quando o indivíduo busca se realinhar com seus sonhos e projetos, ele retorna à primeira fase. Essa mudança é menos radical, e envolve buscar corrigir aspectos que não funcionaram no decorrer desses projetos.
Esse projeto pode ser reconstruído, mas ele continua o mesmo em sua essência, por isso é que chamamos esses casos de micro transição. Porém, essa reestruturação pode levar também a uma transição de Tipo 2. Essa transição de Tipo 2 é quando o indivíduo é capaz de voltar-se para si mesmo em busca de mudanças estruturais internas. É uma mudança de vida interior. Ela está representada no Ciclo pela transição para a 8ª etapa, chamada de “casulo”.
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