Nesta semana, recebemos a triste notícia da morte de Hugh Hefner. Muitos o conhecem por ser o fundador da Playboy. Mas, eu não quero falar sobre este Hefner, este é conhecido por muita gente. Eu quero falar sobre o legado de solidariedade construído por um senhor de 91 anos que partiu esta semana, vítima de causas naturais.
Quem foi Hugh Hefner?
Nascido em 9 de abril de 1926 em Chicago, Hugh Marston Hefner desde a fase escolar demonstrava interesse em trabalhar no setor de impressos. Foi nessa fase de sua vida que fez seu primeiro jornal com alguns desenhos. O jornal circulou pela escola e a aceitação do público – no caso, os alunos e colegas de classe de Hefner – fez com que ele tomasse gosto pela profissão e pelo prestígio que a fama lhe proporcionou.
Hugh Hefner se alistou no Exército dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, desempenhando funções de secretário e também de cartunista. Dispensado em 1946, Hefner investiu em sua formação e conclui a graduação em Psicologia. Posteriormente, estudou Sociologia e Artes.
A experiência que teve como redator na revista masculina Esquire lhe rendeu ideias e insights criativos para que ele fundasse uma das maiores revistas eróticas do mundo: a Playboy. A visão empreendedora de Hefner aliada a sua visão filantrópica e humanitária fizeram da Playboy uma verdadeira porta para que ele pudesse construir um legado de amizade, lealdade e transformação. E é sobre isso que quero falar neste artigo, querida pessoa.
O legado deixado por Hugh Hefner
Em nossas formações em Coaching destacamos a importância de construir um legado. Nosso legado é a nossa marca deixada no Universo. Construímos nosso legado a partir da visão que temos sobre nós mesmos e sobre o meio em que vivemos. Construir um legado significa dar contribuições positivas para outras pessoas, significa deixar a sua existência marcada por boas ações. O legado de Hugh Hefner é marcado por estas ações importantes que contribuíram com a conquista de direitos de minorias – como negros, LGBTS e mulheres.
1- Hefner, Playboy e a luta dos direitos civis
Entre as décadas de 1950 e 1980, houve uma intensa movimentação por parte da comunidade afroamericana para garantir os direitos civis a população negra. Eram tempos em que negros tinham locais marcados nos ônibus e que não eram aceitos em vários lugares. Muitos direitos eram negados aos negros. Era um período de segregação amparado por uma lei pautada pelo racismo, que privilegiava e protegia pessoas brancas. Várias oportunidades eram negadas a comunidade afroamericana, como ter uma carreira artística, por exemplo. Além de ter sido um grande questionador dos padrões sociais, Hugh Hefner também era um grande admirador de jazz.
Em 1959 aconteceu a primeira edição do Playboy Jazz Festival, na cidade de Illinois. Hugh Hefner utilizou o prestígio que sua revista tinha para promover a difusão de cantores negros. Além disso, a renda arrecadada com o festival foi revertida para as associações ligadas à causa da comunidade afroamericana.
Além disso, Hefner fez da Playboy um espaço para que líderes como Martin Luther King e Malcom X pudessem apresentar suas ideias e defender seus pontos de vista. Foi para uma das edições da revista Playboy que Luther King concedeu uma de suas maiores entrevistas.
A Playboy foi uma das primeiras revistas a colocar mulheres negras na capa. Isso em 1965, no ápice das lutas dos direitos civis. Pode parecer algo bobo, mas outras revistas – como a Sports Illustrated, por exemplo – só foram colocar pessoas negras em suas capas na segunda metade da década de 1990.
2- Apoio a luta LGBTQ
Na década de 1950, já haviam vários grupos que lutavam pelos direitos civis de pessoas LGBTQ. Em 1955, Hefner autorizou a publicação de um texto do escritor Charles Beaumont. Era um conto de ficção científica que narrava a saga de heterossexuais sofrendo perseguições terríveis porque não eram aceitos por serem heterossexuais. Muitos leitores questionaram e reclamaram do conto de Beaumont. A resposta de Hefner? “Se vocês já acharam errado perseguir os heterossexuais numa sociedade homossexual, então o contrário também é”.
Hefner foi um dos primeiros empresários nos Estados Unidos a apoiar o direito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e diversas vezes escreveu editoriais sobre o tema.
3- Investimento em pesquisas científicas
Para Hefner, a sexualidade humana não deveria ser um tabu. E ao longo da sua vida, ele se posicionou desta maneira e levou este posicionamento para a Playboy. Muitas entrevistas com celebridades e cientistas da área da sexualidade deram suas contribuições para que a sexualidade fosse tratada com mais naturalidade e menos preconceitos. Além disso, a Playboy estabeleceu uma parceria com a Fundação Kinsey – entidade sem fins lucrativos que trabalha com pesquisas sobre saúde sexual – para investir nos estudos sobre o tema. A Playboy também ofereceu apoio financeiro às instituições que cuidam e amparam vítimas de estupro.
4- Espaço para arte e cultura
Desde o começo, a Playboy se posicionou como um veículo para debater sexualidade, cultura e arte. Não à toa, vários pensadores e artistas ao longo da história da Playboy concederam entrevistas ou tiveram espaços para divulgar seus trabalhos artísticos. Stanley Kubrick, Jean Paul-Sartre, Gabriel Garcia Marquez, Marshall McLuhan são algumas das várias celebridades que expuseram seus pensamentos e trabalhos nas páginas da Playboy.
O que se pode notar é que a vida de Hugh Hefner foi marcada por várias ações em prol de causas – sobretudo, ligadas a diversidade e em prol do respeito ao próximo. O legado de Hefner é formado por importantes contribuições sociais e políticas. Ele viveu os sonhos de um garoto que se encantou com a fama e status. Mas também foi o homem que soube romper barreiras, quebrar crenças limitantes e lutar por um mundo mais justo para todos.
Eu mesmo tive a oportunidade de ter um artigo publicado no site da Playboy. Para mim foi um prazer imenso poder contribuir de maneira significativa com um dos veículos de comunicação mais importantes e influentes do mundo. Clique aqui e confira o artigo na íntegra!
A Hugh Hefner, nossa gratidão!
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