Entenda o que é Complexo de Cinderela e o impacto do problema na carreira de gestoras

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Conheça o Complexo de Cinderela e entenda suas consequências.

Vivemos em uma sociedade que impõe normas e regras específicas para as mulheres. São normas que geram crenças limitantes em todos os campos da vida, fazendo com que elas não explorem seu potencial infinito enquanto profissionais competentes e indivíduos capazes de fazer suas próprias escolhas.

Um dos males causados por essa estrutura social opressora e cruel com as mulheres tem um nome curioso: Complexo de Cinderela. Quer saber mais sobre o assunto e sobre suas consequências? Então, continue a leitura deste artigo.

Relembrando a história de Cinderela

Cinderela é um dos contos de fadas mais populares do mundo. Versões bastante semelhantes foram desenvolvidas ao longo da história. A mais antiga surgiu na China em 860 a.C., mas as versões mais populares foram as do francês Charles Perrault, e dos irmãos Grimm, da Alemanha.

Resumidamente, a história relata a trajetória de uma jovem, filha de um comerciante rico, órfã de mãe. Quando seu pai também morre, ela é criada por sua madrasta, juntamente com suas irmãs. Todas elas tratam Cinderela muito mal, humilhando-a constantemente e fazendo de jovem uma verdadeira serviçal para todas as atividades domésticas.

A história de Cinderela somente começa a mudar quando ela encontra um príncipe, pelo qual se apaixona perdidamente. Com a ajuda de uma fada madrinha, ela ganha um vestido maravilhoso, sapatos de cristal e uma carruagem para conduzi-la ao baile. Ela reencontra a felicidade quando vive uma história de amor com o príncipe, que a liberta da vida complicada que tinha com a madrasta e garante a ela uma vida melhor.

Esse conto é bastante simples e memorável para a maioria das crianças. Por versões semelhantes terem surgido em várias partes do mundo e em diferentes épocas, ele, na verdade, é uma representação de um arquétipo feminino: o da mulher que foi criada sob a crença de que a felicidade depende exclusivamente de um homem que lhe conceda uma vida feliz.

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O Complexo de Cinderela e suas causas

Com base no conto da Cinderela, a pesquisadora Colette Dowling estudou o medo que muitas mulheres têm diante da própria independência. Para Dowling, mulheres que apresentam esse complexo possuem em seu inconsciente o desejo de serem cuidadas o tempo todo, ignorando suas próprias vontades e gostos, como se a independência fosse uma ameaça.

O Complexo de Cinderela faz com que mulheres acreditem que não possuem alternativas que vão além dos cuidados domésticos, ou que sua felicidade está atrelada ao matrimônio. Esse complexo tem sua origem na infância, quando meninas são criadas sob a ideia de que é preciso esperar pelo príncipe encantado para serem felizes, como se a felicidade não pudesse ser obtida por conta própria.

Os contos de fada reforçam essa ideia. O príncipe salva Cinderela de uma vida de miséria e exploração. No caso de Branca de Neve, o príncipe a beija e a desperta de um grande sono.

É claro que a culpa não deve cair apenas sobre os contos infantis, pois eles são, na verdade, reflexos de uma sociedade que historicamente associa a mulher aos cuidados domésticos e à dependência de um homem que a sustenta emocional e financeiramente. Algumas tradições religiosas também podem reforçar essa ideia.

Consequências na vida pessoal

O Complexo de Cinderela traz vários malefícios para as vidas das mulheres. Um deles é a frustração. As crenças produzidas por uma sociedade machista são muito limitantes e fazem com que as mulheres se sintam frustradas constantemente por se sentirem inferiores aos homens. Elas carregam consigo a ideia de que só poderão ser felizes se forem emocional e financeiramente dependente de um marido.

Essa posição de inferioridade leva as mulheres a uma baixa autoestima e a uma ansiedade constante em encontrar um homem que as faça felizes. Elas deixam de acreditar que possam fazer a si mesmas felizes, sem depender de alguém. Com isso, perdem sua autonomia e sua autoconfiança para que tomem suas próprias decisões.

Em alguns casos de divórcio, por exemplo, a mulher se vê sem meios de sustentar-se emocional e financeiramente sem a presença do marido. Com isso, passa a procurar por outro homem que perpetue esse conto de fadas, num círculo vicioso.

A ideia de que todos nós somos metades que precisam ser completadas por outro alguém tem sido bastante criticada por psicólogos atualmente. Na verdade, cada um de nós é um ser completo que tem tudo para ser feliz, com ou sem alguém. Se quisermos ter um relacionamento, sem problemas, mas não devemos depender dessa pessoa para conseguir viver.

Isso não significa que todas as mulheres casadas e donas de casas sejam infelizes ou portadoras desse complexo. O que os estudos de Colette Dowling apontam é que educar as mulheres exclusivamente com o intuito de fazer com que elas se tornem apenas mães e donas de casa não é saudável para elas. Que essas funções sejam escolhas delas e não imposições. Toda menina precisa saber que há outras opções de maior independência para que faça uma escolha genuína.

Consequências na vida profissional

O Complexo de Cinderela ainda traz outra consequência negativa para as vidas das mulheres: a insegurança profissional. Não é difícil encontrar mulheres com dificuldades para liderar equipes ou para desenvolver habilidades profissionais importantes por não acreditarem em si mesmas.

Além disso, o próprio mercado de trabalho é mais severo com as mulheres, que, por estarem historicamente mais associadas aos cuidados dos filhos e do lar, não encontram as mesmas oportunidades de emprego e de remuneração que os homens.

O Complexo de Cinderela interfere negativamente na autoestima das mulheres, e isso se reflete em suas performances profissionais. Muitas vezes, em virtude desse complexo, algumas mulheres preferem permanecer em cargos com pouca expressividade na organização, em nome da falsa ideia de que assim serão “cuidadas”.

Formas de evitar o problema

Cabe às gerações atuais conduzir uma educação libertadora para que meninos e meninas sejam homens e mulheres felizes e independentes. Para quem tem filhas, a recomendação é que elas sejam educadas no sentido de procurarem o amor, mas não serem dependentes dele. Toda mulher pode estudar, desenvolver uma carreira, ter seu próprio sustento financeiro e, se assim desejar, constituir uma família e cuidar de um lar.

Para quem tem filhos meninos, a educação também deve ser transformadora. O homem precisa respeitar a individualidade da mulher e jamais deve se utilizar de seu poder financeiro para humilhar ou tornar a mulher dependente de si. Além disso, ele também tem a obrigação de participar ativamente nos cuidados do lar e na educação dos filhos.

Resumidamente, é preciso que cada criança seja educada para ser feliz, com ou sem alguém ao seu lado. Se a menina deseja encontrar um grande amor e dedicar-se exclusivamente aos cuidados domésticos, que seja feliz assim, mas que isso seja uma escolha dela, e não uma imposição social que a faça crer que essa é a sua única possibilidade de ser feliz — porque não é.

E você, querida pessoa, o que pensa a respeito do Complexo de Cinderela? Use o espaço abaixo para nos contar sobre a sua experiência e deixar a sua opinião a respeito do assunto. Se este artigo te trouxe boas reflexões e se você acredita que poderá também ajudar outras pessoas, compartilhe-o em suas redes sociais.

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José Roberto Marques

Sobre o autor: José Roberto Marques é referência em Desenvolvimento Humano. Dedicou mais de 30 anos a fim de um propósito, o de fazer com que o ser humano seja capaz de atingir o seu Potencial Infinito! Para isso ele fundou o IBC, Instituto que é reconhecido internacionalmente. Professor convidado pela Universidade de Ohio e Palestrante da Brazil Conference, na Universidade de Harvard, JRM é responsável pela formação de mais de 50 mil Coaches através do PSC - Professional And Self Coaching, cujo os métodos são comprovados cientificamente através de estudo publicado pela UERJ . Além disso, é autor de mais de 50 livros publicados.



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