Evandro Fióti é empreendedor, rapper e dono da marca de roupas Lab Fantasma junto com o irmão Emicida. Nada disso teve significado quando ele foi barrado por um segurança no evento São Paulo Fashion Week essa semana. A história toda fica ainda mais complexa quando sabemos que ele foi impedido de entrar no local mesmo sendo credenciado, pois sua marca faria um dos desfiles nessa última terça-feira (29). O motivo de ser impedido de entrar no próprio evento? Evandro Fióti é negro.
Com a edição deste ano, essa é a terceira vez que a Lab Fantasma participa da São Paulo Fashion Week, a marca visa reforçar a representatividade, levando a moda das ruas para as passarelas com modelos majoritariamente negros. Ironicamente, o rapper foi barrado em meio a esse contexto e só conseguiu liberação para o evento quando o segurança entrou em contato com seus superiores.
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Evandro Fióti utilizou as redes sociais para relatar o episódio e desabafar. Durante essa semana, inúmeros internautas solidarizaram com o empreendedor através de curtidas, comentários e compartilhamentos. O SPFW se pronunciou dizendo que infelizmente esse tipo de situação ainda é presente na rotina brasileira e que a divulgação do ocorrido vem para ajudar na luta contra o preconceito, além de evidenciar que está ao lado do rapper neste momento.
Todo esse cenário enfatiza o quanto o racismo ainda está presente na nossa sociedade. O racismo refere-se a pensamentos e atitudes que separam as pessoas, quando elas se consideram superiores umas às outras e apesar da escravidão ter sido abolida em 1888 e atualmente o racismo ser um crime inafiançável com pena de até 3 anos de prisão, a população caminha a passos lentos para a extinção deste ato tão repugnante.
Além do episódio dessa semana com Evandro Fióti, são inúmeros os casos de racismo, como por exemplo, em 2014, quando o jogador Daniel foi chamado de macaco quando foi bater um escanteio pelo Barcelona e quando a apresentadora Maju, do Jornal Nacional, foi insultada nas redes sociais em 2015. Os três casos tiveram repercussão na mídia, porém, situações semelhantes acontecem diariamente com pessoas negras, seja de forma sutil ou escancarada. Uma piada, uma agressão física, uma proibição para frequentar determinado local, um xingamento, um impedimento de contato físico, tudo isso prova que o racismo ainda é presente no dia-a-dia e muito ainda precisa ser feito.
Situações que comprovam a existência do racismo
Mortalidade: quando colocamos na balança fatores como renda, cor da pele, localização em que mora e idade, o número de negros que sofreram homicídio é superior ao número de brancos.
Política: a política brasileira é dominada por pessoas brancas e tal contexto acaba atrapalhando certas conquistas, pois por não vivenciarem determinados acontecimentos, os políticos não dão a devida importância a eles.
Redes sociais: quem tem acesso as redes sociais já sabe, elas estão repletas de conteúdos ofensivos e racistas. Isso acontece pois muitas pessoas acreditam que por estarem no meio online, nunca serão pegas e nem precisarão se responsabilizar por tais atos.
População: de acordo com o IBGE, 54% da população brasileira é negra e é também a parcela com menor renda. Ou seja, pessoas brancas, devido a classe social, educação, acesso à cultura e outros fatores, possuem melhores oportunidades de emprego.
Saúde: a população negra tem menos acesso a saúde e muitas vezes sofre racismo em gestos, como por exemplo, um médico que não quer tocar em um corpo de uma cor diferente, um dentista que prefere não entrar em contato com o sangue de um negro, entre outras situações.
Mercado de trabalho: o índice de pessoas negras em cargos de liderança, com grandes responsabilidades e com chances de mudança para funções de maior remuneração, visibilidade ou promoções, são bem menores. Em contrapartida, tais pessoas trabalham em atividades como pescaria e serviços domésticos.
Ensino Superior: apesar do sistema de cotas, o acesso de pessoas negras em universidades federais é inferior ao número de pessoas brancas.
Pesquisadores e Professores: o mesmo ocorre nos cargos públicos. Existem mais professores e pesquisadores brancos do que negros nos centros de pesquisas e universidades.
Como evitar o racismo no dia-a-dia
Mesmo tão enraizado, existem ações que podem ser colocadas em prática para evitar o racismo no dia-a-dia. Conheça algumas delas:
Admitir o erro
Quando a pessoa se torna ciente de que é racista, isso não quer dizer que ela está admitindo uma fraqueza, mas sim que ela é madura o bastante para reconhecer e querer mudar tal falha. Só quando o indivíduo assume o erro, ele será capaz de praticar ações para resolver o problema.
Ter empatia
Independentemente da cor de uma pessoa, ter empatia e se solidarizar com o próximo é essencial para que o indivíduo reflita que atitudes racistas podem causar dor e sofrimento a alguém e assim, tomar o cuidado para não replicar tais atos.
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Evitar expressões racistas
O nosso vocabulário é repleto de expressões para as situações do dia-a-dia, porém, muitas delas possuem alto teor racista, como “fulano fez um serviço de preto” ou “a menina tem cabelo de palha de aço”. O racismo não deve estar presente em nenhuma situação, inclusive nas nossas expressões.
O racismo infelizmente ainda existe, por conta disso, é um assunto que deve sim ser comentado e debatido em escolas, em rodas entre amigos, no transporte público, na internet e na mídia. As pessoas precisam tomar consciência de que esse é um problema existente na nossa sociedade que deve urgentemente ser combatido e que elas são partes auxiliadoras em todo esse processo.
Nos dias atuais, é fundamental que todos entendam que o mundo por si só, já precisa de muita ajuda e que atitudes racistas além de não ajudarem em nada, só servem para causar dor e sofrimento em quem as vive. A beleza está justamente no fato de sermos seres completamente diferentes e por conta disso, nos completarmos, sendo assim, de forma alguma a diferença na cor da pele deve ser motivo para impedir a construção de um mundo melhor.
E você, debate sobre o racismo e pratica ações para combatê-lo? Comente e compartilhe o artigo nas redes sociais.
Copyright: Riccardo Mayer
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