O que as atitudes de Rodrigo Hilbert podem nos ensinar

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As atitudes e comportamentos de Rodrigo Hilbert vem chamando a atenção de homens e mulheres em todo o país, porém, elas têm muito a nos ensinar. / Copyright: GNT – Tempero de Família. 

Você já deve ter mudado de canal e se deparado com o Rodrigo Hilbert cozinhando um prato rebuscado em seu programa ou ainda, deve ter rido dos inúmeros memes sobre quão perfeito o apresentador é ao desempenhar alguma atividade. Rodrigo Hilbert é ator, apresentador, modelo, sabe cozinhar, costurar, cuida da casa, já fez cosplay de drag queen, é marido e pai exemplar e nos últimos dias, surpreendeu a todos ao construir uma casa de madeira para os filhos brincarem.

Toda essa repercussão vem causando certo estranhamento em homens e mulheres e muita gente já afirmou que Rodrigo Hilbert “está passando dos limites e precisa “parar de ser tão perfeito”, além de afirmarem que ele é um “homão da porra”, título que o ator insiste em não aceitar. De acordo com ele, cuidar dos filhos, zelar da casa e dividir tarefas com a esposa, é o mínimo que todo homem deveria e pode fazer.

Rodrigo Hilbert ainda afirma que tudo isso é apenas reflexo daquilo que ele aprendeu em casa, pois foi criado em uma casa cercada de mulheres e por conta disso, os afazeres domésticos como, limpar a casa, lavar as roupas e cozinhar, sempre foram divididos entre todos. Também foi com a sua mãe e suas tias que ele aprendeu a bordar e costurar. Além disso, passou boa parte da infância na oficina do seu avô onde aprendeu ofícios como ferreiro, serralheiro, torneiro mecânico e carpinteiro.

Com isso, após nos divertimos com os memes que circulam na internet e ver toda essa situação de forma superficial, chegou a hora de prestarmos a devida atenção e desconstruir essa história. Se analisarmos bem, Rodrigo Hilbert faz tudo aquilo que mulheres fazem a anos seguidos e ainda ganhou o título de super-herói e vem causando preocupação entre os homens.

O ponto crucial não é o de que para ser um homem incrível e invejado por ambos os sexos, a pessoa precisa produzir o próprio alimento, saber construir uma casa de madeira, ter seu próprio programa de televisão ou ser casado com uma mulher como a Fernanda Lima. A pergunta é: os homens dos dias atuais possuem um comprometimento sequer semelhante ao de Rodrigo Hilbert com suas famílias e suas casas?

Quantos homens você conhece que não dizem “eu ajudei a minha esposa a limpar a casa”, mas sim, “eu limpei a casa”? Que participam ativamente da criação dos filhos? Que dividem as responsabilidades do dia-a-dia com sua esposa/namorada/parceira? Infelizmente, não são muitos e quando encontrados, são considerados verdadeiros deuses. 

E caso você tenha lido esse artigo até aqui e tenha percebido que não, você não é um homem com tais qualidades, quão disposto você está para mudar tal situação e aprender a cozinhar para seus filhos e esposa? Quais são as chances de você dividir sua jornada de trabalho com a educação dos seus filhos? Existe a possibilidade de você começar a fazer os afazeres domésticos e assim, revezar tal atividade com a sua companheira?

O mercado passa diariamente por inúmeras transformações e por conta disso, é crescente o comprometimento dos homens quanto a sua capacitação profissional e desenvolvimento de carreira em cursos, palestras, workshops e isso não tem nada de errado. O equívoco está quando existe um desequilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional do indivíduo, quando existe tanto empenho e dedicação para crescer no emprego, mas existe uma lacuna quando o comprometimento refere-se às responsabilidades da casa, a ajudar na criação dos filhos, a elogiar a companheira, a dividir as tarefas do dia-a-dia.

Nesse sentido, por que não crescer profissionalmente, mas também procurar desenvolver habilidades, competências pessoais e assim, se potencializar como indivíduo e se tornar um ser humano sensível às mudanças que ocorrem não apenas no mercado, como também no dia-a-dia, na sua própria casa, na convivência com o próximo e nas suas relações?

Você consegue perceber quão profunda é toda essa situação? Rodrigo Hilbert não faz nada que não seja obrigatório, muito menos está errado ou deve ser impedido por alguém. Ele é, na verdade, apenas um coadjuvante nessa história. A partir do momento que todos os homens começarem a agir de forma semelhante a do ator, ele deixará de ser uma raridade e inúmeras mulheres vão poder dizer “mas isso o meu marido/namorado/parceiro também faz”, afinal Rodrigo Hilbert não tem nenhum superpoder.

É hora de repensar: cozinhar, lavar roupas, educar e brincar com os filhos, limpar a casa e trabalhar fora, são atividades desempenhadas a anos por gerações seguidas de mulheres,  nenhuma delas foi tão bem reconhecida como Rodrigo Hilbert. A verdade é que ele também não deveria ser tão admirado, pois, afinal, ele apenas deveria ser mais um.

Deixo aqui a pergunta: quão participativo você é no que se refere aos afazeres domésticos e criação dos filhos? O que você tem feito para colaborar de forma mais efetiva? Comente e compartilhe o conteúdo nas redes sociais.

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