A palavra “comunidade” não é difícil de entender, mas nem sempre captamos todos os significados que ela pode apresentar. Em geral, a utilizamos para nos referirmos a um grupo de pessoas unidas por uma ou mais características em comum.
Ao longo do tempo, muitos historiadores, antropólogos, psicólogos, sociólogos, educadores e demais pensadores do comportamento humano (e até de outras espécies) refletiram sobre o significado de comunidade e sobre a sua importância sobre diferentes áreas da vida.
Neste artigo, vamos compreender melhor alguns conceitos e definições atribuídos à palavra “comunidade”, as suas características, os seus tipos e a sua importância na atualidade. Também vamos entender a necessidade das lideranças nesse contexto. Ficou curioso? Então, continue a leitura e saiba mais!
O conceito de comunidade em Max Weber
Uma das referências no estudo e na análise sobre as comunidades é o sociólogo e economista alemão Max Weber. Ele define o conceito de comunidade como: “uma relação social quando e na medida em que é inspirada por um sentimento subjetivo (afetivo ou tradicional) de que os participantes constituam um todo”.
Essa ideia sustenta que as comunidades são grupos constituídos por bases racionais, emocionais e tradicionais, que compõem laços que transformam todos os componentes da comunidade em um todo. Essa unificação de diferentes indivíduos se configura para que eles colaborem entre si e atuem em cooperação para que alcancem um objetivo comum.
Além de uma meta coletiva, Weber também sustenta que uma verdadeira comunidade é unida por laços de afeto e por tradições, o que desperta sentimentos positivos. Isso reforça a ideia de que comunidades são espontâneas, e não instituições formadas à força. O sociólogo defende que, nesses grupos, a colaboração e a coletividade se sobrepõem à competição e ao individualismo.
Definição contemporânea de comunidade
Na atualidade, os dicionários definem as comunidades como sendo grupos que unem indivíduos por características em comum. Essas características podem ser: nacionalidade, lugar de moradia, linguagem, religião, cultura, valores, hábitos, profissões e interesses compartilhados. Esses grupos também podem se formar espontaneamente para o alcance de um objetivo em comum. Por exemplo: um grupo de voluntários que se unem para limpar uma região poluída.
Na Biologia, há também a definição de comunidade dentro da área da ecologia, que consiste em um conjunto de seres vivos que habitam uma mesma localidade. Assim, uma comunidade pode ser formada por animais, plantas, fungos e bactérias de um mesmo local.
No que se refere às comunidades humanas, podemos entendê-las como um agrupamento de indivíduos com algo em comum. Elas são “recortes” da sociedade. Assim, as comunidades apresentam identidade, ou seja, características específicas que identificam os seus membros e que as distinguem de outras comunidades.
Esse conceito tem sido muito abordado e estudado por diferentes áreas do conhecimento, como: Antropologia, Sociologia, Psicologia, Ciência Política, Epistemologia, Linguística, História e Biologia.
Características de uma comunidade
Para que um grupo seja considerado efetivamente uma comunidade, há algumas características que podem ser reconhecidas, como as que você vai conferir na sequência.
Identidade
Conforme citado acima, a identidade é um conjunto de características que geram o reconhecimento dos membros de um grupo. Em uma cidade como São Paulo, por exemplo, podemos pensar na comunidade italiana, que apresenta uma identidade clara: jeito de falar, ocupação de determinados bairros, festas tradicionais, culinária típica, religiosidade, entre outros. Esses traços caracterizam essa comunidade e a distinguem de outros grupos.
Objetivos comuns
Além da identidade, há comunidades que são formadas exatamente porque os seus membros são motivados por um objetivo comum. Existem, por exemplo, comunidades de ambientalistas e de pessoas simpáticas à causa que se unem para promover ações específicas de proteção ambiental: recolher lixo, promover a reciclagem, resgatar animais em vulnerabilidade, realizar ações de conscientização da população etc.
Compromisso
Outra característica comum às comunidades é um compromisso que os membros assumem uns com os outros. Isso é, muitas vezes, feito de maneira informal, motivado pelos laços de afeto e pelos interesses comuns que as pessoas nutrem umas pelas outras. É o que ocorre quando uma comunidade de vizinhos se ajuda no dia a dia, fazendo favores, emprestando objetos etc.
Cultura
Bastante atrelada à identidade, a cultura é, também, uma característica-chave das comunidades. Por cultura, entendemos os significados que os membros de uma comunidade atribuem às suas ações. Assim, é natural que surjam regras, hierarquias, costumes, tradições, visões de mundo e valores que são transmitidos de geração em geração.
Interação
Para que uma comunidade exista de verdade, é fundamental que os seus membros interajam entre si. É na interação das pessoas que as características dessa comunidade ganham vida. Não existe comunidade se as pessoas não agirem, não conversarem, enfim, não manifestarem os traços que têm em comum. Comunidade depende, acima de tudo, de coletividade.
Dinamismo
Por mais que as características de uma comunidade sejam expressivas e fundamentais na constituição da sua identidade, elas podem sofrer alterações com o passar do tempo. Por isso, o dinamismo também faz parte desse universo. Por exemplo: a comunidade dos gamers está sempre tendo que se atualizar às novidades tecnológicas desse mercado, que é muito dinâmico, e até mesmo ao seu vocabulário, em que palavras específicas entram em uso e desuso com alguma frequência.
Exemplos de comunidades
Agora que você já conhece as características principais das comunidades, talvez fique mais fácil pensar em alguns exemplos, não é mesmo? Confira.
Comunidade científica
A comunidade científica é composta por todos os cientistas do mundo, ou de uma região específica. São pessoas que têm a ciência e o avanço humano como objetivos nas diferentes áreas: biologia, física, química, geologia etc. O que une essa comunidade, além desse objetivo, é a própria metodologia de trabalho, composta por observações, pesquisas, hipóteses, testes, confirmações, refutações, publicações etc.
Comunidade religiosa
As comunidades religiosas são compostas por pessoas que se reúnem em nome de uma fé em comum. São tradições constituídas pela crença em divindades, em espíritos, em livros ou histórias considerados sagrados, em costumes, em ritos e em valores que norteiam as ações dos fiéis.
Comunidade educativa
Essa comunidade é composta por todas as pessoas que estão, de alguma maneira, relacionadas à educação em uma localidade. Assim, podemos pensar em professores, estudantes, pais dos estudantes, coordenadores, diretores, orientadores pedagógicos e demais funcionários das instituições. São todas as pessoas relacionadas ao ensino e à aprendizagem — nas escolas, universidades, educação corporativa etc.
Comunidade rural
A comunidade rural é caracterizada pelas vivências do campo e pelas profissões e costumes típicos desse ambiente, diferindo consideravelmente do meio urbano. Nessa comunidade, encontram-se os agricultores, pecuaristas, pescadores e demais moradores desse meio.
Comunidade biológica
Conforme citamos, o conceito de comunidade dentro da Biologia se refere ao conjunto de seres vivos que compartilham entre si um mesmo habitat. Assim, esse tipo de comunidade é formado pelos seres humanos, animais, plantas e microrganismos de um ecossistema.
Comunidade virtual
Também podemos falar nas comunidades virtuais, que têm se popularizado nos últimos tempos, sobretudo devido à internet e às redes sociais. Elas são compostas por pessoas que podem vir de diferentes lugares do mundo, reunidas por interesses em comum. Geralmente, agrupam pessoas por profissões ou interesses específicos — estilos musicais, hobbies, esportes, produções audiovisuais, literatura, causas sociais, entre outros.
A necessidade de um líder
As comunidades podem ser extremamente diferentes entre si. Enquanto algumas são centralizadas, hierárquicas e formais; outras podem ser descentralizadas, horizontais e informais. Assim, o conceito de liderança, ou seja, a presença de um líder, pode ser muito importante em algumas comunidades, mas dispensável em outras.
Nos ambientes em que os líderes de fato se fazem necessários, como nas comunidades mais complexas, os principais benefícios são:
- Definição de objetivos: estabelecer metas específicas e mensuráveis a serem atingidas;
- Organização de demandas, tarefas e responsabilidades: definir quem é responsável por qual atividade e como ela deve ser executada;
- Ajuda e esclarecimento de dúvidas: facilitar a realização das atividades, tirando dúvidas e explicando o que se espera de cada um;
- Centralização da comunicação: centralizar os avisos e esclarecimentos na figura dos líderes, a fim de evitar a circulação de informações inverídicas ou incompletas;
- Inspiração e motivação: reforçar o ânimo dos membros da comunidade, especialmente diante das dificuldades;
- Gerenciamento de conflitos: administrar as divergências que surgem entre os membros da comunidade, evitando que as relações fiquem desgastadas;
- Compartilhamento de conhecimentos: transmitir conhecimentos e informações aos menos experientes.
A importância das comunidades
Por mais que muitas comunidades surjam de forma espontânea, isso não ocorre à toa. Existem razões pelas quais os seres humanos se beneficiam dessa vida em grupo. Assim, podemos entender essa importância tanto para o desenvolvimento humano quanto para os negócios.
Para o desenvolvimento humano
Historicamente, o ser humano descobriu que viver em comunidade era algo positivo para a evolução da própria espécie por diversos motivos: segurança, divisão de tarefas, ajuda mútua, compartilhamento de saberes, entre outros. É por isso que essa busca por aceitação e pertencimento a determinados grupos é tão importante para as pessoas, desde a infância. É algo enraizado na nossa espécie.
As comunidades geram pertencimento e apoio social. Assim, sentimos que temos com quem contar, sobretudo diante das adversidades. Esse encorajamento da vida social desperta habilidades de relacionamento, além de melhorar a nossa autoestima. Isso gera um bem-estar mental e emocional, reduzindo o estresse e a solidão.
A vida em comunidade também favorece a troca de conhecimentos, em que podemos aprender e ensinar uns aos outros. Isso gera a transferência de habilidades entre gerações e incentiva a colaboração e o trabalho em equipe. Dividindo as tarefas, podemos nos especializar a acelerar o alcance de metas coletivas, como ocorre nas empresas.
Esse bem-estar coletivo também fortalece e ajuda a perpetuar as nossas identidades culturais, preservando e transmitindo as tradições. A comunidade fica mais engajada e resiliente, inclusive na superação de dificuldades.
Por fim, uma comunidade ativa e engajada pode estimular as iniciativas de cidadania, voluntariado, políticas públicas e sociais. O empreendedorismo e a geração de empregos, por exemplo, podem fortalecer e estimular o desenvolvimento econômico dos membros dessas comunidades.
Para os negócios
Além do desenvolvimento humano, o conceito de comunidade pode favorecer os negócios das empresas. Isso se deve ao fato de que a ideia de comunidade vai ao encontro de outro conceito importantíssimo nesse sentido, que é o de “público-alvo”.
No livro “Tribos”, o autor Seth Godin, especialista em negócios, discorre sobre como as comunidades, ou “tribos”, como ele mesmo se refere ao termo, beneficiam o marketing das instituições. Nesse contexto, precisamos nos lembrar de que toda empresa oferece algum produto ou serviço a pessoas com interesses em comum — o que se encaixa perfeitamente ao conceito de comunidade.
Portanto, quanto mais as empresas conhecem os seus públicos, ou seja, as comunidades que desejam atrair, melhores são as suas estratégias de marketing. Criar produtos e serviços, personalizar o atendimento, humanizar a comunicação, produzir conteúdos relevantes, escolher os canais de comunicação e vendas mais eficazes, adotar uma precificação justa e satisfazer o consumidor — tudo isso depende do quanto a empresa de fato conhece a sua comunidade.
Além disso, as empresas também devem entender a si mesmas como grandes comunidades de profissionais reunidos por um objetivo em comum, que é o crescimento da organização. Dessa forma, o conceito de comunidade pode ser aplicado na esfera externa (o marketing), mas também na esfera interna (os recursos humanos).
Como você pode notar, o conceito de comunidade é extremamente amplo e importante, desde o início da presença humana na Terra até a atualidade. Somos seres naturalmente sociais, de modo que a coletividade, por mais complexa que seja, pode nos beneficiar consideravelmente.
A comunidade fortalece identidades coletivas, perpetua culturas, gera segurança e sensação de pertencimento, promove o desenvolvimento humano e pode até beneficiar a evolução dos negócios na vida contemporânea. Não é à toa que tantas áreas do conhecimento, tão diferentes entre si, estejam mergulhando na compreensão desse conceito.
E você, ser de luz, o que pensa sobre a vida em comunidade? Como ela o impacta? Contribua deixando o seu comentário no espaço a seguir. Além do mais, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!