A palavra arquétipo parece representar um conceito complexo que, embora seja denso, é possível de ser compreendido por meio de explicações gerais. Arquétipos são como impressões que as pessoas, inconscientemente, possuem a respeito de algo ou alguém e que influenciam sonhos, fantasias e até o seu comportamento. São “personagens” que sintetizam os principais tipos de pessoas, se é que é possível simplificar algo tão complexo quanto os seres humanos.
O que são arquétipos? Quais são os mais conhecidos? Por que eles existem? Como surgem? Continue a leitura e fique por dentro desse aspecto tão interessante da psicologia. Siga em frente e boa leitura!
O que são arquétipos?
Cada indivíduo tem as suas vivências e, a partir delas, forma imagens na sua mente, ou seja, percepções sobre o que vê. O psiquiatra suíço Carl Gustav Jung percebeu, por meio de estudos e observação, que existe uma estrutura semelhante em relação às imagens que construímos acerca das pessoas em geral. Por exemplo: a figura materna é geralmente vista como amorosa e cuidadosa, assim como a figura das pessoas mais velhas é comumente associada à sabedoria.
Dessa forma, os arquétipos são modelos considerados clássicos, que representam determinados grupos de pessoas. Eles incluem personalidades, características, atitudes e até atributos físicos associados a esses grupos.
Uma forma mais simples de entender o que são arquétipos é considerando os animais. Quando pensamos no leão, logo imaginamos uma figura forte, destemida, o rei da selva. A águia, por sua vez, é vista como um ser com uma visão fantástica e que, por isso, é usado como sinônimo de liderança e independência. Já a cobra é considerada traiçoeira, porque anda sorrateiramente até encontrar uma presa e dar o bote sem que ela perceba.
Veja que cada animal é um símbolo de um tipo de comportamento, o que é tão forte na nossa mente que, muitas vezes, os usamos para nos referir a outras pessoas. É o que ocorre quando dizemos que alguém tem visão de águia ou que é uma cobra venenosa por ter uma atitude negativa, por exemplo. São aspectos que simplesmente pensamos, sem nos darmos conta de como surgiram — o que acontece porque vêm do nosso inconsciente.
Como os arquétipos surgem?
Segundo Jung, os arquétipos são uma construção do inconsciente coletivo, ou seja, são um conhecimento de domínio de toda a humanidade e que são transmitidos de geração para geração, mesmo sem que saibamos como aquele arquétipo surgiu.
O arquétipo da mãe amorosa e protetora, por exemplo, não foi inventado e instituído por uma pessoa. Ele é de domínio público, pois as experiências envolvendo o conceito de maternidade, ao longo de toda a história da humanidade, levaram ao surgimento desse arquétipo. Muitas mães ao longo da história demonstraram amor e afeto, levando à construção dessa imagem simultaneamente a várias pessoas em diferentes lugares e momentos da história.
É claro que nem toda mãe é amorosa e protetora, o que evidencia outra característica importante dos arquétipos: eles não totalizam ou esgotam as características da humanidade — o que, aliás, seria impossível. Eles apenas traduzem uma generalização criada pelo inconsciente coletivo da humanidade.
Quais são os 12 arquétipos de Carl Jung?
A partir dos seus estudos e da sua experiência enquanto médico psiquiatra e psicoterapeuta, Jung chegou a uma lista de 12 arquétipos, ou seja, 12 modelos que definam a forma de ser das pessoas — e até mesmo empresas e demais organizações. São símbolos que fazem parte do inconsciente coletivo. Confira as suas características predominantes na sequência!
O criador
Tem como lema de vida que tudo aquilo que pode imaginar, é capaz de realizar. Tem como desejo criar coisas que possuam um valor duradouro, e o seu maior medo é ser apenas mais um em meio à multidão. Esse arquétipo também é chamado de artista, inventor, inovador, músico, escritor ou sonhador. As pessoas representadas por ele têm uma tendência ao tédio e ao perfeccionismo. Por isso, estão sempre experimentando atividades novas e exercendo a sua criatividade. Amam arte e cultura.
- Pontos fortes: criatividade e imaginação.
- Limitações: excesso de perfeccionismo e tendência ao tédio com facilidade.
O governante
Alguém que exerce poder e que gosta de ter controle sobre as coisas em qualquer área: esse é o perfil de quem é representado pelo arquétipo do governante. O seu maior medo é ser derrubado e perder o poder. Também conhecido como chefe, líder, aristocrata, rei/rainha, político, modelo, gerente ou administrador, o governante é comunicativo, responsável e organizado, apresentando um espírito de liderança nato. Apenas deve ficar atento para não se tornar um tirano controlador.
- Pontos fortes: liderança e responsabilidade.
- Limitações: excesso de autoritarismo, o que gera uma grande dificuldade em delegar tarefas.
O cuidador
O cuidador também é conhecido como “o prestativo”. O seu grande desejo é ajudar as outras pessoas e, por isso, teme quando uma situação delicada se aproxima, pois deseja sempre o melhor para todos. É alguém que ama o próximo como a si mesmo e que tem medo de situações de egoísmo e ingratidão por parte de terceiros. Também é conhecido como santo, altruísta, pai, ajudante e apoiador. Empático, altruísta e generoso, o cuidador é o amigo ou familiar que todo mundo gostaria de ter.
- Pontos fortes: generosidade e compaixão.
- Limitações: esquecimento de si mesmo e os riscos de ser explorado por aproveitadores.
O indivíduo comum
O indivíduo comum é o arquétipo que representa aquela pessoa que deseja pertencer a um grupo e que não gosta de ser diferente. O seu maior desejo é se conectar com os demais e, por isso, teme ser deixado de lado. Esse arquétipo também é conhecido como o velhinho bondoso, o bom vizinho, o realista, o trabalhador e o cidadão de bem. Amigável, realista e humilde, ele só quer ser aceito pela sociedade ou por grupos específicos, e não se sente confortável em posições de destaque.
- Pontos fortes: empatia e forte senso de realidade.
- Limitações: tende a desperdiçar tempo e energia em relacionamentos superficiais apenas para se encaixar. Pode perder oportunidades de crescimento, com medo do destaque.
O amante
O foco do arquétipo do amante está em se relacionar com as outras pessoas. Por isso, ele valoriza a intimidade e a experiência. Tem como principal estratégia tornar-se um indivíduo cada vez mais atraente, de forma física, intelectual e emocional. O seu maior medo é estar só e não ser amado. O amante também é conhecido como parceiro, amigo e formador de equipes. Apesar do nome, ele não valoriza apenas o amor romântico, mas também o amor entre amigos e familiares. Gosta de conexões profundas.
- Pontos fortes: paixão, compromisso e gratidão.
- Limitações: por conta do desejo de agradar, pode correr o risco de agir contra a sua própria personalidade.
O tolo
O arquétipo do tolo deseja viver o momento ao máximo, sem se preocupar com o que as outras pessoas poderão pensar. O seu maior desejo é viver cada momento com prazer, sempre considerando que cada instante é único, mas teme sentir-se entediado ou entediar os outros. Também é chamado de: brincalhão e comediante. Alegre, bem humorado, otimista e divertido, o tolo quer viver com prazer e levar essa alegria a quem estiver à sua volta. Entretanto, pode ser visto como ingênuo ou irresponsável.
- Ponto forte: alegria, otimismo, vitalidade.
- Limitações: Ingenuidade e irresponsabilidade. Pode perder muito tempo com coisas sem muita relevância.
O herói
Essa é uma figura do conhecimento de todos e que está ligada à coragem. O seu maior objetivo é mostrar o seu valor aos outros por meio de atitudes corajosas. Já o seu grande medo é demonstrar vulnerabilidade. O arquétipo do herói também é conhecido como: salvador, vencedor, guerreiro e soldado. O herói é resiliente, trabalha duro e tem vontade de fazer a diferença no mundo. Honesto e autoconfiante, ele deseja o bem comum, ou seja, restabelecer a paz para todos.
- Pontos fortes: coragem, honestidade e competência.
- Limitações: a arrogância e a necessidade de ter sempre algo pelo qual lutar para mostrar o seu valor.
O rebelde
O rebelde é um modelo totalmente avesso às regras, um indivíduo que vive de acordo com o que acredita, mesmo que seja totalmente contrário ao que a maioria segue. O seu grande objetivo é mudar as coisas que não funcionam mais, realizando uma verdadeira revolução na sociedade, ou ao menos no meio que o cerca. O seu maior medo é não conseguir agir para fazer isso acontecer. O rebelde também é chamado de: revolucionário, desajustado ou selvagem. Conhece as regras para desobedecê-las.
- Pontos fortes: energia, busca pela liberdade, sede de justiça e capacidade de questionar.
- Limitações: a sua sede por liberdade e mudança pode levá-lo a escolher caminhos escusos e perigosos. Pode agir impulsivamente e confundir justiça com vingança.
O mágico
O mágico é um arquétipo que busca unir conhecimentos ocultos a religiões, ciência e tecnologia, a fim de compreender o universo. Tem como maior objetivo transformar sonhos em realidade, porém, teme que atos não intencionais tragam consequências negativas. Também é chamado de mago, inventor, visionário e curandeiro. O mago quer compreender o mundo, unir a razão e a espiritualidade, encontrar soluções, ajudar os outros e expandir a sua consciência. Um exemplo é o gênio de Aladim.
- Pontos fortes: o dom de encontrar soluções positivas para toda a sociedade.
- Limitações: o seu grande conhecimento em relação a áreas diversas pode torná-lo manipulador.
O inocente
O inocente é um perfil que deseja a felicidade e acredita que é possível construir um mundo melhor para todos, em que todos possam ser quem desejarem. Para alcançar o seu objetivo, procura sempre fazer o que é certo e, por isso, tem medo de agir de forma errada e sofrer uma punição. O inocente também é chamado de ingênuo, utópico, romântico e sonhador. É o “par perfeito” do arquétipo do herói e o extremo oposto do arquétipo do rebelde. É simples, leal, honesto e obediente às regras.
- Pontos fortes: otimismo, fé, lealdade, simplicidade e busca pelo que é correto.
- Limitações: o seu perfeccionismo e o seu excesso de ingenuidade podem ser vistos como entediantes pelas outras pessoas.
O explorador
A marca mais forte do explorador é a liberdade, e ele a utiliza para se conhecer melhor e buscar novas formas de viver. Por conta desse desejo de explorar, teme sentir-se preso e viver uma vida sem algo novo. Para evitar que isso aconteça, está sempre em busca de novas experiências. O arquétipo do explorador também é chamado de andarilho, aventureiro e individualista. Corajoso e determinado, ele não hesita em experimentar diferentes caminhos, até encontrar aquele que faça sentido para si.
- Pontos fortes: viver de acordo com a sua verdade, determinação, curiosidade, coragem e experimentação.
- Limitações: corre o risco de explorar demais, sem ter um rumo definido e viver sem um propósito maior. Pode esperar um mundo ideal, que não existe na realidade.
O sábio
O sábio é um indivíduo que deseja entender o mundo por meio da busca pelo conhecimento e da autorreflexão. Para isso, usa a sua inteligência para analisar e entender as coisas. O seu maior medo é ser enganado ou viver na ignorância. O arquétipo do sábio também é chamado de estudioso, especialista, pensador, mentor e professor. Analítico, estudioso e desconfiado, ele quer descobrir os mistérios e entender como as coisas funcionam, com o objetivo de tornar o mundo um lugar melhor.
- Pontos fortes: autoconhecimento, inteligência e sabedoria.
- Limitações: a sua fixação pelo estudo pode levá-lo a se concentrar muito na teoria e esquecer-se de agir.
Arquétipos de personagens famosos
Podemos identificar esses 12 arquétipos facilmente em filmes e na literatura, o que nos ajuda a entender melhor cada um deles e levá-los para a vida real. Veja, a seguir, uma lista de cada arquétipo relacionado a um personagem famoso.
- O criador: Andy Kaufman, de O Mundo de Andy.
- O governante: o personagem título de O Poderoso Chefão.
- O cuidador: Leigh Anne, de Um Sonho Possível.
- O indivíduo comum: Frodo, de O Senhor dos Anéis.
- O amante: Rose DeWitt Bukater, de Titanic.
- O tolo: Jack Sparrow, de Piratas do Caribe.
- O herói: Luke Skywalker, de Star Wars.
- O rebelde: Maverick, de Top Gun.
- O mágico: Gandalf, de O Senhor dos Anéis.
- O inocente: Dorothy, de O Mágico de Oz.
- O explorador: o personagem título de Indiana Jones.
- O sábio: Dumbledore, de Harry Potter.
Concluindo, os arquétipos são um assunto bastante vasto e interessante, que pode e deve ser explorado. São representações de grupos de pessoas, de acordo com as suas características mais expressivas.
E você, ser de luz, conhece pessoas que se encaixam em algum desses arquétipos? Qual deles mais tem a ver com você? Deixe o seu comentário no espaço a seguir. Além do mais, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!