Estamos na era da busca pela felicidade. Mais do que ter, as pessoas estão avidamente buscando os seus motivos para serem mais felizes de uma forma plena, verdadeira e autêntica.
Por isso mesmo, para encurtar essa jornada até o estado desejado — de bem-estar, autossatisfação e plenitude —, entender o que é psicologia positiva pode ajudá-lo consideravelmente a abrir os caminhos e a conquistar um estado de felicidade mais duradouro e genuíno.
Neste artigo, você vai conferir
- Quais são os limites da psicologia tradicional;
- O que é a psicologia positiva;
- Como essa vertente surgiu;
- Quem é Martin Seligman e o que é o modelo PERMA;
- Como a psicologia positiva se relaciona com o coaching.
Continue a leitura e saiba tudo sobre o tema!
Quais são os limites da psicologia tradicional?
Podemos dizer que, por muito tempo, a psicologia tradicional esteve focada em tratar as doenças da mente e os estados de desordem que afligiam as ideias e emoções do ser humano. Ansiedades, neuroses, psicoses, histeria, depressão e traumas figuraram entre os principais acometimentos na lista das doenças tratadas. Representavam muita dor e sofrimento aos pacientes. De fato, ainda hoje, solucionar todas essas questões continua sendo um papel essencial a essa área da saúde.
Contudo, muitos especialistas da área começaram a defender a necessidade de se observar não apenas o lado obscuro da mente, como também os aspectos positivos das emoções e dos comportamentos. Esses psicólogos acreditavam que, ao acessar aspectos positivos da psique, poderiam ajudar as pessoas no seu tratamento ou mesmo no processo de cura de sua doença.
Ali, estavam nascendo também ideias importantes que, no futuro, dariam origem e maior sustentação à psicologia positiva. Entre elas, destaca-se a noção de que a psicologia não tem o objetivo apenas de resolver doenças mentais, mas também de ajudar as pessoas a alcançarem o bem-estar nas diferentes áreas da vida, obtendo mais satisfação e plenitude.
Em qual contexto a psicologia positiva surgiu?
De acordo com Martin Seligman (2002), um dos criadores do conceito da psicologia Positiva, até a 2ª Guerra Mundial, a psicologia se baseava em 3 preceitos centrais: tornar a vida das pessoas mais realizada, identificar nelas os seus talentos e desenvolvê-los e curar as doenças da mente.
Contudo, com o fim dessa guerra, o foco dessa área se distanciou drasticamente desse caminho e mudou completamente para o tratamento, quase que exclusivo, das doenças mentais, deixando de lado os aspectos positivos da consciência humana.
Ainda segundo Seligman, nos anos seguintes à batalha, tanto nos Estados Unidos como na Europa, o foco da psicologia se tornou o tratamento psicológico dos acontecimentos traumáticos decorrentes da experiência da guerra. Nessa época, era difícil falar em uma abordagem positiva, quando milhões de pessoas tinham perdido as suas vidas, casas ou famílias nos confrontos e ataques militares.
Tratá-las passou a ser o objetivo central, o que, de forma prática, ajudou milhares de indivíduos a lidarem melhor com os seus traumas e a terem, na medida do possível, mais qualidade de vida nos anos seguintes.
Como nada é em vão, nesse período também foram desenvolvidos importantes estudos e tratamentos psicológicos, que ajudaram a identificar novos tipos de transtornos e criar novas formas de intervenções e terapias, utilizadas até os dias atuais. Ainda que nessa época não houvesse muito espaço para a psicologia positiva, os avanços feitos até então permitiram, mais tarde, a criação da ciência da felicidade.
Vale ressaltar que Abraham Maslow (1954) e Carl Rogers (1959), defensores da “Psicologia Humanista”, tentaram dar os primeiros passos para uma mudança de perspectiva nessa época. Eles defendiam uma nova visão da psicologia, que levasse em conta os aspectos positivos da mente e dos comportamentos. Contudo, por uma série de fatores, que incluíam estudos ainda incipientes sobre a nova abordagem proposta, acabaram não tendo muito apoio e êxito.
O que é psicologia positiva? O que ela defende?
Assim como os pensamentos negativos podem ser aprendidos, os pensamentos positivos e otimistas também podem. Essa foi uma das descobertas de Martin Seligman, psicólogo estadunidense, que apoiaram os seus estudos sobre a psicologia positiva. Com base nos estudos feitos pelos seus antecessores no período pós-guerra, ele desenvolveu em pormenores essa nova área do saber.
Para ele, se a positividade poderia ser desenvolvida, todos os demais aspectos relacionados a ela também poderiam. Assim, estavam nascendo novos caminhos para o ser humano encontrar o seu bem-estar e uma felicidade autêntica.
Na década de 1990, quando foi presidente da Associação Americana de Psicologia, Martin Seligman, depois de ter dedicado anos da sua carreira ao estudo das desordens mentais (com foco nos estados mentais e na depressão), passou a defender com fervor o reconhecimento e a aplicação da psicologia positiva.
Um dos marcos desse momento de transformação foi exatamente o lançamento do seu livro, Felicidade Autêntica, em que apresentou os seus primeiros estudos e embasamentos sobre a ciência do bem-estar.
Na publicação, o autor defendia que a felicidade era algo essencial e, como tal, ela deveria ser cultivada todos os dias, por meio das forças, virtudes, ideias e atitudes de: otimismo, gentileza e bom humor. Para ele, “A psicologia deveria possibilitar muito mais do que somente reparar o que está errado, devendo identificar e nutrir o que existe de melhor nos indivíduos, para que o reconhecimento das virtudes humanas possa contribuir para a prevenção das patologias e dos danos”.
Qual é o objetivo dessa poderosa vertente?
Vale ressaltar que, de forma alguma, a psicologia positiva ignorava as doenças ou negava as desordens psicológicas. Entendia, sim, a necessidade de tratar os distúrbios mentais, contudo, sem negligenciar os aspectos positivos da mente humana. Em resumo, propunha tirar o foco da dor e ampliar o campo de visão. Para isso, segundo Seligman, era essencial investir em 4 pilares:
- Satisfação;
- Propósito;
- Engajamento;
- Relacionamentos.
Na prática, o seu objetivo central é o de buscar nas vivências e experiências das pessoas aspectos positivos que lhes ajudem a ter mais qualidade de vida, bem como a entender e lidar melhor com as suas emoções. Isso as ajuda a se relacionar de forma mais eficaz com as pessoas ao seu redor e a observar a sua história, compreendendo as suas forças e qualidades sob uma perspectiva mais otimista também.
Assim, a psicologia positiva se define como ciência que cura, mas também que previne os problemas da saúde da mente, em prol de mais qualidade de vida e satisfação.
O que são a Teoria da Felicidade e o Modelo PERMA, de Martin Seligman?
Segundo Mahatma Gandhi, “Não existe caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.” Contudo, para Martin Seligman, existem sim formas de conquistar mais satisfação e plenitude. Para isso, o psicólogo desenvolveu o chamado modelo PERMA, que baseia e explica a sua “Teoria da Felicidade”. O modelo é formado por 5 elementos centrais, que forma a sigla PERMA:
- Positive Emotion (emoção positiva);
- Engagement (engajamento);
- Relationship (relacionamentos);
- Meaning (propósito);
- Accomplishment (realizações).
Para entender o papel de cada um desses fatores na nossa jornada evolutiva, vamos analisá-los melhor, de modo a compreender como cada tópico que compõe o PERMA é essencial para conquistarmos mais autoconhecimento, entendermos as nossas emoções e alcançarmos a satisfação verdadeira em ser e existir. Confira!
-
Positive emotion (emoção positiva)
Você já reparou como pessoas negativas dificilmente conquistam o sucesso ou são felizes de verdade? Pois bem, isso não é por acaso, pois as emoções positivas são exatamente o que nos possibilita sermos otimistas e conquistar bem-estar, autossatisfação, entusiasmo, motivação e felicidade.
Quando cremos positivamente em nós mesmos ou que algo bom vai nos acontecer, o nosso corpo recebe uma carga de hormônios naturais, como: dopamina, serotonina, endorfina e ocitocina. Eles fazem com que nos sintamos bem, dispostos e crentes de que o melhor sempre está por vir. Ao sonhar ou planejar qualquer coisa, além da ação para realizar efetivamente essas metas, é fundamental que a pessoa creia verdadeiramente que é possível.
Portanto, as emoções positivas são uma espécie de combustível, que além de nos fazerem olhar para a vida por novos ângulos, nos fazem sorrir e liberar boas energias. Elas também nos ajudam a ter mais foco, a desempenhar com mais qualidade o nosso trabalho e a fortalecer as nossas relações interpessoais (familiares, amorosas, sociais e profissionais). Ainda aumentam a nossa criatividade, nos tornam mais abertos e flexíveis e elevam a nossa esperança e otimismo em relação ao futuro.
Por tudo isso, vale muito a pena esforçar-se para virar a chave, caso você esteja passando por uma fase de dificuldades. A negatividade só vai levá-lo para mais fundo. Se você deseja dar a volta por cima, experimente começar, ainda que aos poucos, a alimentar sentimentos e emoções positivas e a ter atitudes nessa direção. Para isso, você deve buscar entender o que de fato lhe faz bem e trabalhar para conquistar o seu estado desejado de felicidade.
-
Engagement (engajamento/ dedicação)
O que você faz que o deixa completamente engajado e absorto? Em outras palavras, o que o deixa em estado de flow? Para o psicólogo húngaro Mihaly Csikszentmihalyi, um dos desenvolvedores da psicologia positiva ao lado de Martin Seligman, esse engajamento seria representado por um estado de atenção plenamente focada.
Na prática, é quando, por exemplo, você está realizando um trabalho tão concentrado e feliz, que perde totalmente a noção de tempo e espaço. Assim, você pode passar horas e horas completamente imerso nas suas atividades, sem se alimentar ou sem nem mesmo perceber que algo acontece ao seu redor.
Essa sensação surge apenas quando fazemos aquilo que gostamos e nos encontramos envolvidos em atividades prazerosas. Quando uma pessoa não gosta do seu trabalho ou está insatisfeita com algum aspecto da sua vida, ela simplesmente não consegue entrar em flow ou se dedicar com toda a sua energia para realizar as suas tarefas.
Nesse sentido, a psicologia positiva defende que, para alcançar mais engajamento, é importante que o indivíduo conheça quais são os seus talentos, diferenciais, forças e virtudes que se destacam. Para Csikszentmihalyi, essas competências precisam encontrar um lugar onde possam ser exercitadas, de modo que a integração entre aquilo que a pessoa gosta e sabe fazer possa levá-la a conectar-se verdadeiramente com aquilo que faz.
Repare que, ao fazer qualquer coisa que você adora, você se dedica com muito mais afinco e realiza as ações com muito mais naturalidade e boa vontade do que quando é obrigado a fazer algo de que não gosta. Portanto, para ter uma vida mais realizada, é fundamental identificar, consciente e inconscientemente, quais são os trabalhos e momentos que o deixam mais confiante, produtivo, engajado, concentrado e feliz. Isso o ajuda a ser mais produtivo e positivo.
-
Relationship (relacionamento)
Não dá para negar que o ser humano é um ser relacional. Como tal, temos a necessidade de estar em contato com outras pessoas, criar vínculos, gerar conexões e até nos envolvermos em um nível emocional com algumas delas. Assim, quanto mais positivas e construtivas forem essas relações, mais positivas serão também as nossas emoções, ideias e comportamentos.
Construir boas relações, porém, exige tempo, comprometimento, confiança, respeito e colaboração de todas as partes. Não adianta apenas uma pessoa se esforçar para fazer dar certo. Todos os envolvidos devem contribuir para que aquela ligação — amorosa, familiar, profissional ou social — traga frutos positivos para todos. Quando alguém não colabora, o laço fica mais fraco e pode se quebrar a qualquer momento.
Outro ponto importante que as relações interpessoais nos trazem é que, ao estarmos em contato com pessoas diferentes de nós, conseguimos ampliar as nossas perspectivas de mundo e expandir a nossa visão em muitos aspectos. O mesmo acontece quando estamos dispostos a compartilhar o nosso melhor e ajudar os indivíduos ao nosso redor a crescerem e se tornarem cada vez melhores.
Assim, um relacionamento em sua essência é troca: somamos o nosso melhor, aprendemos uns com os outros e buscamos evoluir sempre juntos, a fim de trabalhar aqueles pontos de melhoria que podem boicotar as relações. Contudo, essa não é uma tarefa de um dia, mas de uma vida toda. Tanto em família, como no trabalho ou na sociedade, precisamos nos relacionar. Quanto maior for a qualidade desses relacionamentos, mais conquistaremos bem-estar, paz interior e felicidade autêntica.
-
Meaning (propósito)
“O segredo do sucesso é a constância do propósito” — Benjamin Disraeli, ex-primeiro-ministro britânico. O propósito de existir é ser quem você é e buscar transformar os seus sonhos em realidade. Quando não temos esse sentido claro, acordamos por acordar, trabalhamos por trabalhar e vivemos por viver. Porém, a vida é muito preciosa para perdermos o nosso valioso tempo perdidos e sem direção.
Por isso, para Seligman, o propósito é aquilo que nos conecta a algo maior, o que dá sentido à nossa existência e nos faz querer ir além. Como tal, é algo que preenche o nosso ser e que, inclusive, pode nos prevenir de distúrbios, como a depressão. Nesse sentido, as suas pesquisas mostram que os indivíduos com um lado espiritual mais bem desenvolvido e aflorado acabam tendo também uma vida com mais significado.
Em relação ao nosso trabalho diário, também é essencial que aquilo que fazemos tenha algum sentido e possa transformar tanto a nossa existência, como o viver dos outros para melhor. Aqui no IBC, por exemplo, amamos a nossa missão de vida e fazemos dela a nossa diretriz para apoiar a transformação e a evolução do ser humano. Quando alcançamos esse patamar, aquilo que fazemos diariamente ganha um brilho especial, e nós nos tornamos mais felizes.
-
Accomplishment (realizações)
Não basta sonhar, é preciso realizar. As realizações trazem as transformações que buscamos e precisamos na nossa vida e mostram que somos capazes de ir além de superar obstáculos e medos, podendo construir algo maior. Portanto, para atingir o seu estado de felicidade plena, o ser humano precisa “fazer acontecer”, olhar para a sua história e ter orgulho dos seus resultados.
Para isso, é preciso ter metas e objetivos bem claros, pois, sem uma orientação para a ação, o sucesso não vem. Já quando sabemos o que queremos, dedicamos com mais precisão a nossa energia, o nosso tempo e os nossos conhecimentos e experiências para aquilo que desejamos conquistar.
Ao realizar esse sonho ou alcançar esse alvo, reforçamos o nosso valor, alimentamos a nossa autoconfiança e autoestima, nos sentimos mais capazes e gratos e, consequentemente, alcançamos aquela poderosa sensação de plenitude.
Saber que houve um esforço e que foi a sua capacidade de superar barreiras e acreditar em si mesmo que lhe proporcionou uma realização não tem preço. Isso se relaciona tanto com as suas vitórias de agora, como com aquelas que você conquistou no seu passado. Tudo isso é o que nos apoia a olhar para o futuro e nos inspira a crer que podemos mais e que o melhor está por vir.
Portanto, reconheça o valor de cada sucesso e não tenha vergonha de ter orgulho das suas realizações pessoais e profissionais. Esse sentimento bom, que eleva a alma e fortalece o nosso poder interior, faz parte da construção da felicidade autêntica. Não se prive dele por medo de parecer arrogante, pois o fato de ser uma pessoa vitoriosa e de reconhecer isso pode inspirar outras pessoas a seguirem os seus respectivos caminhos e a darem o melhor de si para realizarem os seus sonhos.
Qual é a relação entre a psicologia positiva e o coaching?
O coaching é uma poderosa metodologia de desenvolvimento humano e aceleração de resultados pessoais e profissionais. Para isso, o método reúne e utiliza diversos tipos de conhecimentos do comportamento humano, e uma delas é a psicologia positiva.
O objetivo da utilização dessa área no processo de coaching é trabalhar nas pessoas as emoções positivas, além de incorporar um mindset mais construtivo no que tange à comunicação e ao relacionamento intra e interpessoal. A psicologia positiva também auxilia o indivíduo a exercitar comportamentos novos e que sejam mais compatíveis com os resultados que desejam alcançar.
Muitas vezes, existem crenças limitantes e barreiras mentais que impedem o ser humano de evoluir e conquistar novos patamares na sua carreira, liderança ou família. A união do coaching com a psicologia positiva promove e fortalece o autoconhecimento e favorece a definição do propósito e da missão — elementos que verdadeiramente dão sentido à nossa existência.
O processo também leva a pessoa a potencializar os seus talentos e competências, a eliminar/amenizar os aspectos negativos da sua mentalidade e dos seus comportamentos, a ser mais positiva e, com isso, a construir melhores resultados em todos os setores da sua vida.
Conclusão
Sabe por que o coaching e a psicologia positiva são uma união tão poderosa? Porque pessoas felizes são muito mais conectadas consigo mesmas e com o universo. Assim, constroem laços muito mais duradouros e benéficos, espalham positividade e otimismo, acreditam mais em si mesmas, dão resultados e contribuem para um mundo melhor.
O que você está esperando? Invista nessa dupla e conquiste também a sua felicidade autêntica.
Assista ao vídeo abaixo e descubra como a psicologia positiva é um importante aliado para a felicidade.
Copyright: 362698313 – https://www.shutterstock.com/pt/g/hafakot