Há 46 anos um assalto a banco em Estocolmo, capital da Suécia, que fez quatro pessoas reféns, durante seis dias, ganhava as manchetes do mundo por razões, que mais tarde causariam estranheza a todos que tiveram a oportunidade de acompanhar o desenrolar de toda essa história.
Batizado de o “drama de Norrmalmstorg, o assalto foi realizado por Jan-Erik “Janne” Olsson, ex-presidiário, que em 23 de agosto de 1973, invadiu, disparando para o teto, o Banco Kreditbanken, localizado na praça Norrmalmstorg. O assaltante estava encapuzado e fortemente armado, com uma metralhadora e explosivos, e entrou no banco dizendo em inglês: “Para o chão, agora começa a festa”.
Passados seis dias até o desfecho da história, com os reféns libertados, felizmente, todos com vida, o que causou estranheza ao mundo foi a relação que o sequestrador e os quatro funcionários do banco, que foram feitos de refém, desenvolveram.
Ali, em uma situação verdadeiramente improvável, vítimas e abusador estabeleceram uma relação afetiva, que fez nascer a Síndrome de Estocolmo, termo que passou a ter conhecimento e notoriedade mundial.
Para que você conheça um pouco mais sobre esta Síndrome e entenda melhor de que forma ela se estabelece e funciona, convido você a me acompanhar nesta poderosa e mais do que útil leitura. Confira!
A Síndrome de Estocolmo
Durante os seis dias em que os funcionários do banco foram mantidos reféns, o que se viu ali foi algo verdadeiramente improvável aos olhos do mundo. Laços afetivos, e até mesmo de cumplicidade, foram formados entre o sequestrador e suas vítimas.
O que se sabe, é que nesse período eles, inclusive, jogavam baralho, enquanto aguardavam as reivindicações de Olsson serem atendidas, e uma das vítimas, Kristin Enmark, então com 23 anos, porta-voz dos reféns, em conversa telefônica com o primeiro-ministro sueco, chegou a defender o sequestrador várias vezes, tomando partido deste perante a polícia: “Confio plenamente nele, viajaria por todo o mundo com eles”.
Ao ler e nos depararmos com relatos como este tendemos a ficar confusos e sem entender como isso pode acontecer. Entretanto, nos últimos anos, tivemos a oportunidade de acompanhar casos parecidos, aos quais são chamados de Síndrome de Estocolmo.
A Síndrome, que teve o seu nome criado pelo criminalista e psicólogo Nils Bejerot, que contribuiu com a polícia durante o sequestro, trata-se basicamente do estado psicológico criado por vítimas de abusos, em que estas, ao serem mantidas por um período intenso e prolongado de intimidação, passam a desenvolver simpatia, amor ou amizade por seus abusadores.
De acordo com a psicanálise, pessoas que, na infância, durante a relação com familiares ou cuidadores, desenvolveram traços de sadismo e masoquismo em sua personalidade, estão mais propensas a terem simpatia por agressores ou sequestradores. Além disso, outra explicação que se dá para o desenvolvimento da Síndrome de Estocolmo é o fato da vítima utilizar este processo como mecanismo de defesa.
Isso ocorre de forma inconsciente e irracional, e geralmente a vítima, ao desenvolver este mecanismo, passa a nutrir sentimentos positivos com relação a seu agressor, com o objetivo de amenizar as tensões existentes neste processo.
Para os especialistas, este estado psicológico inconsciente é criado e perfeitamente entendido, principalmente em casos em que os abusos acontecem de forma constante e repetida, ou seja, quando se cria realmente e verdadeiramente uma relação vítima/agressor.
Como exemplo podemos citar o caso de mulheres que são constantemente agredidas por seus cônjuges, porém, mesmo tendo condições financeiras, legais e familiares, acabam não conseguindo deixar o agressor, por sentirem-se presas ao aspecto de medo que a relação lhe causa.
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Casos famosos de Síndrome de Estocolmo
Além do caso que deu nome à Síndrome, em que, mesmo após dias sendo mantidos como reféns, as vítimas continuavam a defender seus algozes, inclusive depois do término do sequestro, existem diversos outros exemplos de Síndrome de Estocolmo que tivemos a oportunidade de acompanhar ao longo dos anos.
Continue a leitura e conheça cada um deles:
Patricia Campbell Hearst
O caso de Patricia, ou Patty Hearst como ficou mais conhecida, começou em 1974, quando foi sequestrada por um grupo terrorista americano. Após 1 ano e 7 meses do sequestro, Patty foi encontrada e libertada.
Porém, o seu caso teve uma grande reviravolta. No período em que estava sendo procurada, Patricia já era considerada como fugitiva e cúmplice de seus sequestradores, acusada de ter cometido uma série de crimes ao lado deles.
A jovem, que passou de vítima a ré, foi a julgamento, sendo acusada de se tornar cúmplice e de se aliar de forma voluntária a seus sequestradores, participando de diversos assaltos com estes.
Em sua defesa, Patty informou a seus acusadores que era constantemente ameaçada e estuprada por aqueles que lhe sequestraram. No entanto, mesmo com tais alegações, Patricia Campbell Hearst foi considerada culpada pelo crime de assalto a banco.
Após alguns anos cumprindo sua pena, Patricia recebeu do presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, um indulto e, em seguida, recebeu do presidente Bill Clinton o perdão pelos crimes que cometeu.
Natascha Kampusch
Outro caso que ganhou notoriedade foi o da jovem austríaca Natascha Kampusch, que no caminho para a escola, foi sequestrada por Wolfgang Přiklopil, em 1998, aos 10 anos de idade.
Natascha foi mantida em cativeiro por 8 anos e nesse período sofreu privações e abusos de características físicas, psicológicas e sexuais. Ela era privada de luz, não recebia comida ou alimentação adequada e era vítima de agressões e humilhações constantes.
Ao completar 18 anos de idade, a jovem Natascha, em um momento de distração de Wolfgang, conseguiu fugir do cativeiro em que foi mantida refém durante 8 anos. O sequestrador, ao saber que estava sendo procurado pela polícia, acabou cometendo suicídio.
Especialista forenses, que analisaram a situação de Natascha Kampusch na época, teve o seu caso considerado como o de uma pessoa que desenvolveu a Síndrome de Estocolmo, porque, após ter conseguido escapar, ela demonstrava que se sentia grata por ter ficado em cativeiro, uma vez que nessa condição, ela foi poupada de cigarro, drogas, bebidas, más companhias, entre outras coisas.
Além disso, nas vezes em que se referia a seu sequestrador, ela dizia que se tratava de uma pessoa gentil, tendo chorado bastante ao ser informada sobre sua morte. A mãe da garota, anos após a ocorrência do caso, revelou que a filha mantinha em sua carteira uma foto do caixão de Wolfgang.
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