De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão (CID 10 – F33), acomete mais de 300 milhões de pessoas de todas as faixas etárias no mundo todo.
Trata-se de uma doença psiquiátrica crônica, cujos principais sintomas são: profunda tristeza, desânimo, apatia e variações de humor. Algumas vezes, é confundida com ansiedade e pode levar o indivíduo afetado a ter pensamentos sobre atentar contra a própria vida.
Estima-se que no Brasil, 5,8% da população seja afetada pela depressão. Devido à sua gravidade, é fundamental que a doença seja diagnosticada e acompanhada por um profissional da área de saúde mental.
No artigo a seguir iremos explicar mais sobre esse transtorno, quais são os primeiros sinais e os seus principais sintomas. Entender a depressão é o primeiro passo para a realização de um tratamento eficiente.
O que é depressão?
Depressão é um transtorno mental decorrente, entre outros fatores, de uma instabilidade química no organismo. A doença está associada à falta ou desequilíbrio de neurotransmissores no corpo, como a serotonina e noradrenalina. Essas substâncias são reguladas pela genética do indivíduo e pelo ambiente em que ele vive.
No tocante à genética, já se sabe que algumas pessoas apresentam maior predisposição do que outras. Esses indivíduos têm mais chances de apresentar o desequilíbrio dos hormônios responsáveis por regular o humor e a sensação de bem-estar.
As experiências vividas pela pessoa influenciam na produção e equilíbrio das substâncias mencionadas. Emoções como estresse e pressão tornam-se fator de risco para o desenvolvimento de depressão.
Depressão não é o mesmo que tristeza
O primeiro ponto importante de se saber sobre o assunto é que tristeza e depressão não são a mesma coisa. A tristeza faz parte da vida de todo mundo e pode ser originada por algum acontecimento cotidiano. O indivíduo realmente sofre até que consiga assimilar aquilo que está acontecendo. Normalmente, esse sentimento não se estende por mais do que vinte dias.
A depressão, por sua vez, é uma doença que gera no indivíduo a sensação frequente de tristeza profunda. Quando não tratada, pode se agravar, comprometendo a capacidade da pessoa de trabalhar e realizar atividades simples do cotidiano.
Estágios da depressão
A depressão possui três estágios, sendo eles: leve (CID 10 F33.0), moderada (CID 10 – F33.1) e grave (CID F33.2).
O nível leve da depressão normalmente pode ser controlado sem o uso de medicamentos. Sessões de psicoterapia e a mudança de estilo de vida são as bases desse tratamento.
Nos níveis moderado e grave, normalmente, são empregados medicamentos para amenizar os sintomas da doença. Também é necessário fazer terapia e adotar medidas de melhoria da qualidade de vida. O acompanhamento psicológico e psiquiátrico é fundamental para tratar a depressão.
Depressão e ansiedade: qual é a diferença?
No início do artigo mencionamos que a depressão pode ser confundida com ansiedade. Por isso, compreender a diferença entre esses dois transtornos é muito importante. A ansiedade se caracteriza por gerar uma sensação desagradável de urgência, inquietação e pressa.
Passa a ser considerado como um transtorno quando essa sensação acontece em momentos em que não se justifica ou quando ocorre com grande intensidade e/ou durabilidade. A ansiedade enquanto distúrbio acaba impedindo o indivíduo de realizar as atividades comuns do dia a dia.
A depressão, por sua vez, é uma doença que compromete o organismo como um todo. A doença compromete o físico e o emocional. A percepção da realidade é alterada, modificando, assim, as emoções, o sono, a disposição e a forma como a pessoa vê a si mesma. Há casos em que a depressão e a ansiedade se desenvolvem juntas, levando a um quadro ainda mais grave.
Quais são os primeiros sinais da depressão?
Antes de qualquer coisa, é fundamental esclarecer que somente um especialista da área de saúde mental pode diagnosticar a depressão. Contudo, há alguns sinais que podem servir de alerta para que o indivíduo ou seus familiares resolvam buscar ajuda. Confira quais são esses sinais abaixo:
– Ter um sentimento profundo de tristeza duradouro (mais de vinte dias) e sem um motivo aparente;
– Desinteresse por atividades que antes eram consideradas prazerosas;
– Desmotivação para realizar as atividades rotineiras;
– Incapacidade de tomar atitudes simples como levantar da cama.
Principais sintomas da depressão
O indivíduo que tem depressão pode apresentar dois ou mais sintomas listados abaixo. Ao identificar esses sintomas é fundamental procurar ajuda médica, pois trata-se de uma doença que demanda tratamento. Somente um especialista poderá fazer o diagnóstico e recomendar as ações adequadas para tratar o problema.
É essencial não ter medo ou vergonha de falar sobre como se sente ou o que está vivenciando. A função desses profissionais é ouvir e auxiliar os pacientes da melhor forma. Com o tratamento correto é possível recuperar a qualidade de vida e a sensação de bem-estar.
Sintomas emocionais da depressão
– Apatia;
– Desenvolvimento de medos que antes não se tinha;
– Desmotivação até mesmo pelo que antes era visto como prazeroso;
– Pessimismo elevado;
– Dificuldade de se concentrar;
– Insegurança;
– Indecisão;
– Insônia;
– Aumento ou perda de apetite;
– Sensação de vazio;
– Maior irritabilidade;
– Esquecimentos;
– Lentidão de raciocínio;
– Angústia;
– Ansiedade.
Sintomas físicos da depressão
A depressão também pode se manifestar através de sintomas físicos, conheça os principais deles abaixo:
– Problemas digestivos;
– Diarreias;
– Constipação;
– Flatulência;
– Azia;
– Ombros e nuca tensos;
– Dores pelo corpo;
– Dores de cabeça;
– Imunidade baixa;
– Sensação de pressão no peito.
Quem pode ter depressão?
Todos os tipos de pessoas podem ser afetados pela depressão. Relembramos o dado da OMS que mais de 300 milhões de pessoas sofrem da doença em todo o mundo. O problema pode se manifestar em diferentes graus de intensidade e períodos de duração. Esse transtorno mental afeta gravemente a saúde e a qualidade de vida do indivíduo.
Considerada grave, a depressão é uma doença bastante presente na população brasileira. O fim dos 30 anos é o período em que a doença surge mais comumente, mas não é uma regra. Ela pode surgir em qualquer idade e alguns estudos demonstram a predominância do quadro em até 20% das mulheres e 12% dos homens.
Isso significa que a doença pode se manifestar em pessoas de qualquer idade e de qualquer gênero. É fundamental estar alerta tanto em relação a si mesmo quanto em relação às pessoas que te cercam. Ao identificar possíveis sinais do problema é essencial buscar ajuda.
O que a depressão provoca?
Diferentemente do que muitos pensam, os fatores sociais e psicológicos geralmente são consequências e não causas do quadro depressivo. Em pessoas que têm predisposição genética, o estresse pode precipitar a doença.
Estima-se que a depressão se manifeste em 19% de uma população. Ou seja, cerca de uma em cada vinte pessoas terá o problema em algum momento da vida.
Há fatores que podem funcionar como facilitadores do desenvolvimento da doença. A seguir listamos alguns dos estímulos mais comuns:
Abusos
Uma pessoa que sofre algum tipo de abuso (físico, emocional ou sexual) se torna mais vulnerável psicologicamente. Logo, tem mais chances de desenvolver quadros depressivos.
Uso de medicações específicas
O risco de desenvolvimento de depressão pode aumentar quando se faz uso de alguns medicamentos específicos. A Isotretinoína (utilizada para o tratamento de acne), corticoides e o antiviral Interferon Alfa são alguns exemplos. Converse sempre com seu médico a respeito de medicamentos que for usar.
Conflitos
Indivíduos que já apresentam predisposição genética para a doença podem ter o quadro desencadeado por conflitos pessoais. Ter problemas com familiares e amigos pode ser o ponto inicial.
Luto
A tristeza de perder alguém muito amado é um fator de risco para o desenvolvimento de depressão.
Genética
Ter casos de depressão na família pode significar mais chances de desenvolver a doença. Porém, é importante citar que a depressão é uma doença bastante complexa e que já se sabe que há inúmeros genes envolvidos em seu surgimento. Logo, não há somente um gene que leva ao quadro clínico.
Eventos grandiosos
Passar por situações de perda e grandes mudanças, como ficar desempregado, se aposentar ou divorciar, por exemplo, pode desencadear a depressão. É importante mencionar, contudo, que até mesmo eventos positivos podem desencadear um quadro depressivo. Formar-se na universidade, iniciar em um novo trabalho ou se casar são situações que podem dar origem à depressão.
Cabe reiterar que a doença não é somente uma resposta direta e simples diante de momentos estressantes. Trata-se de algo persistente e que dificulta prosseguir a vida normal.
Problemas pessoais
Sentir-se sozinho, ser excluído da família e/ou de grupos sociais e ter problemas de autoestima pode contribuir para o desenvolvimento da depressão.
Doenças graves
A depressão pode se desenvolver paralelamente a uma doença grave, como o câncer, por exemplo. Inclusive, pode ser estimulada exatamente por se estar com uma doença séria.
Abuso de substâncias
Em torno de 30% das pessoas que sofrem com vícios, em substâncias como álcool, cigarro, drogas e remédios, têm depressão clínica ou profunda.
A depressão tem cura?
Muito se ouve esse questionamento e é importante fazer alguns esclarecimentos. O episódio depressivo pode ter cura. Nesse caso, o indivíduo apresenta a remissão dos sintomas da depressão sem voltar a vivenciá-los. Atualmente, se fala muito a respeito da recuperação funcional, além do alívio dos sintomas, se tem o retorno pleno às condições de antes do episódio.
Contudo, devemos ressaltar que uma pessoa que teve um episódio depressivo tem mais chances de apresentar os sintomas novamente. Basicamente, o que estamos dizendo é que o tratamento adequado pode fazer com que os sintomas sumam completamente. Porém, é essencial manter o acompanhamento médico e psicológico para evitar recaídas.
O tratamento e a manutenção do mesmo tem grande influência nessa sensação de bem-estar prolongada. O tempo que leva para observar os resultados varia de pessoa para pessoa, sendo muito importante ter calma e tranquilidade.
A função do tratamento é reduzir a presença e a influência dos sentimentos e pensamentos negativos. A vida vai se tornando mais leve e o paciente passa a experimentar uma sensação muito próxima de cura da depressão.
Depressão: como tratar o problema?
Anteriormente explicamos que pessoas que têm episódios depressivos podem se recuperar completamente. No entanto, é importante que se siga o tratamento adequado para alcançar esse resultado. O tratamento da depressão tem como objetivo realizar o controle de neurotransmissores para melhorar a qualidade de vida do indivíduo.
Para ter resultados palpáveis é necessário buscar ajuda especializada junto a profissionais da área de saúde mental. Somente um especialista saberá identificar, diagnosticar e prescrever o tratamento adequado para o quadro em questão. Nos casos mais leves o tratamento pode ser realizado somente com psicoterapia.
Já nos casos moderados a graves, costuma-se associar a psicoterapia ao uso de medicamentos prescritos por um psiquiatra. Ressaltamos que cada caso é um caso e deve ser avaliado por um especialista para que se chegue à resposta do melhor tratamento. O médico avaliará toda a situação para entender qual é o melhor medicamento para o paciente que está atendendo.
Essa avaliação leva em consideração o histórico clínico (pessoal e familiar) assim como a resposta do paciente a diferentes antidepressivos. O tratamento antidepressivo pode levar à remissão total dos sintomas, ou seja, a sensação de cura. Contudo, ainda que o paciente se sinta totalmente bem, deve manter o acompanhamento pelo tempo determinado pelo médico. Jamais se deve interromper o tratamento da depressão por conta própria.
Tratamentos associados
Muitos pacientes recebem a recomendação de adotar medidas associadas ao tratamento medicamentoso e psicoterápico. A mudança de estilo de vida é uma das principais recomendações.
Praticar atividades físicas e ter uma alimentação balanceada contribui para potencializar a sensação de bem-estar. Além disso, essas medidas ajudam a melhorar a qualidade do sono, que também é um fator relevante no tratamento da depressão.
Porém, tenha em mente que nenhuma atividade complementar ou qualquer tipo de medicina alternativa substitui o tratamento profissional. Cuidar bem de si mesmo é uma forma de ajudar o acompanhamento psicológico e psiquiátrico a ser mais eficiente. O mais importante é estar aberto para realizar o tratamento com foco na sua melhora. Acredite, é possível recuperar a qualidade de vida.
Depressão é uma doença séria que precisa de acompanhamento profissional.