Coaching e o Florescimento de uma nova liderança no Século XXI

O mundo contemporâneo vive profundas transformações políticas e socioeconômicas nas instituições globais, como também no cenário nacional, onde a tônica é a crise paradigmática a que o ser humano está imerso e reclama a restauração de valores sistêmicos e sustentáveis da vida. São tempos em que os seres humanos se comportam semelhantes aos animais quando pressentem uma tsunami, por vezes ficam desorientados, ou  perdem a direção como as baleias, ficam desequilibrado, sem  rumo, e por mais das vezes desacreditados da capacidade de criarem novos espaços de convivência e desenvolvimento humano.

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Então o que fazer em tempos de incertezas, profundas mudanças e aparente descrença no rumo em que o nosso pequeno mundo está tomando? Mais importante que descobrir um novo sistema de convivência, um novo sistema político viável ou sistema econômico, é preciso descobrir um sistema operacional integral do ser humano, que na visão de Ken Wilber, filósofo americano contemporâneo, é preciso criar uma abordagem integral que permita ao ser humano perceber tanto a si mesmo como o mundo circundante de maneiras mais abrangentes e efetivas. Essa abordagem holística e sistêmica é apenas um mapa e o mapa não se confunde com o território, ou seja, qualquer sistema, crença, filosofia, método não se confunde com quem o ser humano verdadeiramente é: o território.

[1É preciso apenas desenhar um mapa desse território inexplorado. Afinal, quem é esse novo ser humano? De onde ele está a  responder, ou reagir? É algo que todo ser humano precisa descobrir a respeito de si mesmo. De onde está respondendo nos seus relacionamentos? Com seus pais, seus filhos, marido, colegas de trabalho? São as perguntas que movem o mundo, então se faz necessário indagar: o que faz de alguém uma grande pessoa? Será sua intelectualidade, seu conhecimento, suas experiências, sua capacidade de criatividade e resolutividade? Uma grande pessoa é aquela que é capaz de continuar a caminhada, mesmo cansada. COACHING E O FLORESCER DO SER O coaching é uma  caminhada de retorno ao seu SER.

Trata-se, portanto, de uma jornada de autoconhecimento, uma jornada evolutiva de consciência, na qual se encontra o significado e propósito de viver, cujo processo de coaching demonstra-se viabilizador do florescer de um novo ser humano autorrealizado e mais consciente do seu papel de cocriador do mundo interno e externo, em um mundo permeado pela complexidade da vida. Assim surge o processo de coaching, baseado na evolução do ser humano em um momento que a sociedade precisa de uma nova dimensão, trazendo alternativa de convivência e florescimento do ser humano em sua integralidade – corpo, mente e espírito. Para Leonardo Wolk, o Coaching bem sucedido pode ser definido como “assumir responsabilidade e poder, transformar o observador para elaborar e implementar novas ações”.

Com isso, objetiva-se atingir resultados positivos para a vida mais rápida e eficazmente, podendo a pessoa se tornar mais plena, feliz, bem sucedida e realizada.[2] Uma das técnicas que muito pode contribuir para a evolução das inter-relações do ser humano na sociedade complexa, intitulada de pós-moderna, é a técnica da escuta ativa, utilizada por Platão, discípulo de Sócrates, na qual é valorizado o autoconhecimento, pelo qual cada um reconhece e exterioriza esse conhecimento a partir de si mesmo.[3]

Assim, baseando-se na maiêutica de Sócrates, o coaching fundamenta-se na arte de fazer perguntas e levar as pessoas a uma profunda reflexão sobre suas crenças, valores, identidade, missão e propósito de vida, a partir dos quais atua e interage com o mundo. A importância dessas reflexões é que gera uma consciência e responsabilidade de atuação no mundo. O coaching proporciona pensamento concentrado e proativo, atenção e observação, atributos necessários para atuar em uma sociedade permeada de complexidades que exigem o poder de saber lidar com as incertezas. O primeiro elemento-chave do coaching é a consciência, que é o produto de atenção dirigida, da concentração e da clareza.

Essa capacidade de estar consciente, ter conhecimento focado de algo além de trazer a capacidade de determinar o que é relevante, meio ao excesso de informações e atividades presentes no mundo contemporâneo, promove uma compreensão dos sistemas, da dinâmica, das relações entre as coisas e pessoas, e, inevitavelmente, aumenta o controle e clareza da percepção do mudo que nos rodeia. [4] COACHING E O FLORESCER DE UMA NOVA HUMANIDAE A metodologia coaching poderá ainda proporcionar uma perspectiva de alteridade no ser humano, de respeito ao mundo do outro, as crenças e valores diferentes dos seus, facilitando a convivência harmônica numa sociedade multicultural, uma vez que conclama a suspensão de julgamentos, suscita o distanciamento das observações pessoais quando se está a ouvir a história de vida do outro, para em essência, verdadeiramente  compreender a visão de mundo de outrem.

Ademais, o  coaching pode ser definido como a arte de liderar a si mesmo a partir da conscientização, por meio da investigação e perguntas, que tragam clareza sobre  crenças e limitações pessoais,  valores e motivações que conduzem suas ações a fim de auxiliar a realização de metas, sonhos, projetos e o melhor potencial de si mesmo. Assim, o coaching enquanto metodologia que trabalha o desenvolvimento de novas habilidades, cujo objetivo consiste em levar o indivíduo a atingir metas, ao autoconhecimento, a vencer crenças sabotadoras e a solucionar problemas através de um processo de aprendizagem e desenvolvimento de competências comportamentais, psicológicas e emocionais direcionado à conquista de objetivos e ao alcance de resultados planejados, se traduz como instrumento eficaz de potencialização em momentos de mudanças e incertezas. Dentro desta perspectiva, o coaching facilita o processo de surgimento de um novo ser humano, mais cônscio do poder de autocriação e responsabilidade pelo seu mundo interno e externo, alavancando um processo de identificação de valores que movam a um propósito maior e a busca de congruência desses valores com a missão de vida, trazendo mais significado à existência.

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Tudo isso favorece a formação de líderes do século XXI com a capacidade de encontrar um equilíbrio entre todos os quatro conjuntos de valores: econômicos-pragmático, ético-social, emocional-desenvolvimento e espiritual. São os líderes denominados por Simon L. Dolan de “universais”[5],  Segundo Dolan, os líderes de valores universais são capazes de aumentar o bem estar organizacional e gera bem estar social.[6] Nesse contexto, o coaching favorece um surgimento de liderança centrada além do puro pragmatismo para também incluir uma percepção holística do mundo e integrada aos valores éticos e estéticos da vida em sociedade, permeando, portanto, uma concepção espiritual da vida. Tudo isso facilita a criação de uma sociedade criativa e espiritual, movida por valores e por uma ética global que respeita a diversidade, o multiculturalismo e promove a dialética, o diálogo e uma cosmovisão. O coaching, portanto, promove uma transformação profunda na percepção, por meio da qual se desencadeiam  novas ações e formas de interagir com o mundo externo a partir do  conhecimento e exploração do mundo interno, pensamentos, crenças e valores que movem o ser humano. Traz com isso um senso de propósito e significado que preenche a vida de uma felicidade autêntica responsável pelo verdadeiro florescer do ser humano no século XXI. [1] WILBER, Ken. A visão Integral, Cultrix, São Paulo, 2007. [2] WOLK, L. Coaching: a arte de soprar brasas. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2008. [3] BAROSA, Pereira Alexandra. ”Coaching em Portugal, Teoria e Prática”, Edições Sílabo, Lisboa, 2008 [4] WHITMORE, JOHN . “Coaching para aprimorar o desempenho – princípios e práticas”, Cilio Editora, São Paulo, 2012. [5] DOLAN, Simon L., Coaching por valores. Book 7 ediotra, Lisboa, 2012, p.192. [6] Idem, p. 193.

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