Ninguém gosta de estar endividado. Portanto, tão logo uma dívida seja contraída, é importante planejar como ocorrerá o seu pagamento. Nesse processo, é preciso levar em consideração que é necessário pagar tanto o valor inicial da dívida quanto os juros referentes ao período. Esse pagamento que se dá gradativamente recebe o nome de amortização da dívida.
Existem diferentes modelos pelos quais uma dívida é amortizada. Em cada um deles, há características específicas, o que inclui vantagens e desvantagens. Para saber mais sobre cada um deles, continue a leitura deste artigo.
O que é amortização de dívida?
Amortização é o ato de reduzir uma dívida por meio de pagamentos periódicos, de modo a quitar os débitos aos poucos. O pagamento da amortização é calculado com base em um planejamento, que envolve o pagamento dos dois itens que compõem a dívida:
- O valor real da dívida (montante inicial contraído por empréstimo);
- Juros correspondentes ao período do empréstimo.
Cada parcela da amortização tem como referência o total financiado, somando-se os impostos, juros e outras taxas. Dessa forma, o montante devido é gradativamente reduzido ao longo do tempo, por meio de parcelas, até que todo o valor devido seja quitado.
A amortização de uma dívida só ocorre quando o devedor consegue pagar mensalmente os dois itens acima, até quitar tudo. Quem está pagando apenas os juros da dívida (mas não paga nada do valor inicial) não está em processo de amortização. A amortização consiste na redução do valor devido, e não apenas de seus juros.
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Modelos de amortização de dívidas
Como citado anteriormente, há diferentes métodos por meio das quais uma pessoa física ou empresa pode amortizar as suas dívidas, até a sua completa quitação. Os quatro modelos mais conhecidos são: o modelo americano, o SAC (Sistema de Amortização Constante), o modelo francês (também conhecido como modelo da tabela Price) e o modelo Bullet.
Cabe aos indivíduos e organizações conhecerem as características de cada um dos modelos, de modo que, pesando os prós e os contras de cada um, possam identificar qual sistema é mais indicado para cada caso. Vamos conhecer melhor cada um deles:
1. Modelo Americano
O modelo americano é provavelmente o mais raro de ser utilizado, seja por pessoas físicas, seja por empresas. Nesse modelo, o devedor paga mensalmente apenas o valor correspondente aos juros da dívida, deixando para pagar o valor total do empréstimo apenas no final, de uma vez só. Não há diferença para o modelo americano se os juros da dívida são simples ou compostos.
Por exemplo: uma pessoa obteve um empréstimo de 1000 reais numa taxa de juros de 4% ao mês. O período da dívida foi de quatro meses. Pelo modelo americano, o pagamento dessa dívida ocorre da seguinte forma:
- 1º mês: 40 reais (juros);
- 2º mês: 40 reais (juros);
- 3º mês: 40 reais (juros);
- 4º mês: 1040 reais (40 reais de juros + 1000 reais iniciais da dívida);
- Total: 1160 reais.
Observe que nas três primeiras parcelas, é pago apenas o valor referente aos juros da dívida (4% de 1000 reais, ou seja, 40 reais). Apenas na última parcela (no quarto mês) o valor dos juros do mês é pago juntamente com o montante inicial da dívida. O total pago foi de 1160 reais (1000 reais do valor inicial + 160 reais de juros).
2. SAC (Sistema de Amortização Constante)
No SAC, ou Sistema de Amortização Constante, as parcelas a serem pagas vão reduzindo com o passar do tempo, até que toda a dívida seja quitada. Este modelo é bastante comum nos financiamentos de imóveis, em que o prazo de pagamento é mais longo. Ele também é conhecido como método hamburguês.
Nesse modelo, o valor amortizado (a parcela do valor inicial da dívida) é sempre o mesmo, mas o valor dos juros reduz progressivamente, já que o valor total da dívida também reduz ao longo do tempo. Como a amortização é constante, mas o juro é decrescente, logo, o valor de cada parcela também é diminuído a cada mês.
Por exemplo: uma pessoa financiou um imóvel no valor de 400 mil reais no prazo de 120 meses. Dividindo o valor total financiado pelo número de meses em que as parcelas serão pagas, temos: 400 mil reais / 120 meses = R$ 3.333,33 (amortização mensal).
Para saber qual será o valor de cada parcela, soma-se a taxa de juros mensal. Aqui, vamos utilizar o valor de 0,68%.
- Parcela 1: 3.333,33 + 0,68% * 400.000 = 6.053,33;
- Parcela 2: 3.333,33 + 0,68% * (400.000 – 1 x 3.333,33) = 6.053,33;
- Parcela 3: 3.333,33 + 0,68% * (400.000 – 2 x 3.333,33) = 6.008,00;
- Parcela 4: 3.333,33 + 0,68% * (400.000 – 3 x 3.333,33) = 5985,33;
- Parcela 5: 3.333,33 + 0,68% * (400.000 – 4 x 3.333,33) = 5962,66;
O processo continua assim até chegar-se à última parcela a ser paga. Durante todo o período em que as parcelas forem pagas, a amortização vai ser sempre a mesma. O que vai fazer com que as parcelas sejam reduzidas são os juros.
3. Modelo Francês (tabela Price)
Diferente do Sistema SAC, no modelo francês, ou Price, as parcelas são fixas, ou seja, possuem sempre o mesmo valor. É o modelo mais utilizado na maioria dos empréstimos bancários e financiamentos, em que cada parcela contém os juros e a amortização, pois o valor igual das parcelas ajuda as pessoas a se planejarem melhor.
Se você fizer um empréstimo no banco pelo sistema Price, por mais que todas as parcelas pagas sejam iguais, no início você estará pagando mais juros e menos do financiado propriamente dito. Com o passar do tempo, os juros vão baixando (pois o valor devido vai sendo reduzido) e, então, você passa a pagar uma maior porcentagem do valor emprestado.
Por exemplo: uma pessoa contraiu um empréstimo no valor de 100 mil reais a juros de 2.5% a.m., em três parcelas. O pagamento ocorreria da seguinte forma:
- Parcela 1: 35.013,72 (32.513,72 de amortização + 2500,00 de juros);
- Parcela 2: 35.013,72 (33.326,56 de amortização + 1687,16 de juros);
- Parcela 3: 35.013,72 (34.159,72 de amortização + 854,00 de juros);
- Total: 105.041,16 (100.00 de amortização + 5.041,16 de juros).
Em resumo: o valor da parcela a ser paga é sempre o mesmo, pois os juros são decrescentes (em relação ao saldo devedor), e o valor da amortização é crescente, pois ele é calculado a partir da diferença entre o valor da parcela e o valor dos juros daquele mês.
4. Modelo Bullet
O modelo Bullet também está entre os menos utilizados, pois ele consiste num único pagamento ao final do contrato, somando o valor do empréstimo com o valor dos juros. Nesse caso, o valor dos juros aumenta com o passar do tempo, sendo um modelo desvantajoso tanto para o devedor (que paga mais juros) quanto para o credor (que enfrenta um risco maior, já que só receberá o dinheiro emprestado ao final do período).
Por exemplo: uma pessoa pegou 1000 reais emprestados por três meses,
- 1º mês: 0,00
- 2º mês: 0,00
- 3º mês: 1157,63 reais (1000 reais do montante obtido + 157,63 reais dos juros).
Este modelo apresenta o maior valor de juros de todos, já que o saldo devedor aumenta com o passar do tempo. A única vantagem do sistema é que ele oferece mais tempo para o devedor obter essa quantia, sem pagar nada nos primeiros meses.
Como é possível perceber, cada modelo tem as suas próprias fórmulas e características. Qual é o melhor a ser utilizado, cabe a cada indivíduo ou instituição definir, de acordo com a sua realidade.
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Imagem: Worawee Meepian / Shutterstock