Embora a maioria das pessoas considere que a remuneração equivale apenas ao salário, ela pode ser oferecida por meio de diversos tipos de bens ou serviços, que servem como parte da compensação por seu trabalho. É o caso, por exemplo, de empregadas domésticas que residem na casa onde trabalham ou profissionais que recebem ticket refeição ou plano de saúde.
Mas, você sabe, de fato, como é composta a remuneração de um trabalhador? E a diferença entre salário e remuneração? Sabia, também, que existem remunerações variáveis e, até, verbas que são consideradas remuneração? Pois bem, vem comigo que vou te explicar direitinho cada uma delas.
Remuneração: como funciona em uma empresa?
Para começar, a forma mais utilizada pelas empresas, atualmente, para remunerar seus empregados é a remuneração por cargo, ou seja, através do sistema tradicional, baseado em cargos e funções.
E qual a diferença entre salário e remuneração? Bom, o primeiro é a contraprestação devida ao empregado pela prestação de serviços em decorrência do contrato de trabalho. Já a remuneração é a soma do contratual estipulado (mensal, por hora, por tarefa, etc.) com as demais vantagens percebidas na vigência do contrato de trabalho, como horas extras, adicional noturno, adicional de periculosidade, insalubridade, comissões, percentagens, gratificações, diárias para viagens, etc.
Agora, a remuneração variável pode acontecer de duas maneiras: método de remuneração tradicional, é aquele no qual são pagas parcelas suplementares como comissões, porcentagens, prêmios, gratificações ajustadas, diárias para viagens que excedem a 50% do salário, adicionais, gorjetas e afins.
Porém, esses métodos tradicionais estão sendo deixados de lado, dando cada vez mais espaço para sistemas mais modernos e condizentes com o dinamismo do mercado. Estes sistemas mais modernos baseiam-se em habilidades e competências e possuem como foco as pessoas. Eles são conhecidos como remuneração por desempenho.
E quais seriam as verbas consideradas remuneração? Bem, são aquelas as quais são valores fontes para cálculo de 13º salário; férias; rescisões; horas extras; adicional noturno; adicional de periculosidade; adicional de insalubridade; descanso semanal remunerado; comissões; gratificações; prêmios de assiduidade; prêmios desde que habituais triênios, anuênios, biênios; quebra-caixa; gorjetas; ajuda de custos habituais; abonos habituais salário in natura – fornecimento de qualquer vantagem concedida ao empregado (aluguel de casa, carros, escola de filhos, etc.).
Desta forma, podemos entender que a remuneração é composta pelo salário direto, o salário indireto e a remuneração variável.
Tipos de remuneração mais comuns
1 – Remuneração funcional
Cargos de liderança e alta especialização técnica, geralmente, exigem mais responsabilidade da parte do colaborador. Sendo assim, é comum que pessoas que ocupam essas posições recebam bonificações. E não é de se estranhar, já que se trata-se de uma forma bastante tradicional de as empresas remunerarem seus funcionários que estão exercendo essas funções.
Este modelo de remuneração é um dos mais tradicionais, sendo também chamado de Plano de Cargos e Salários. O sistema de remuneração funcional é composto pelas seguintes informações: descrição de cargo, avaliação de cargos, faixas salariais, política para administração dos salários e pesquisa salarial.
A quantia extra, tem como objetivo recompensar o profissional pelo conjunto de atividades desenvolvidas. Dessa maneira serve como incentivo para que os demais funcionários busquem as posições mais qualificadas do negócio. Não é à toa que se trata de um método muito utilizado para diferenciar os cargos de chefia em planos de carreira.
2 – Remuneração por habilidades
É uma maneira de incentivar a qualificação dos profissionais e vincular benefícios aos níveis de especialização. Assim, ao premiar o estudo e o treinamento, aos poucos, a empresa incentiva e colabora para que cada vez mais funcionários sintam a necessidade de se aprimorarem em suas respectivas áreas de trabalho.
Esta remuneração é oferecida em função do conhecimento ou das habilidades certificadas pelo contratado, por exemplo: uma pessoa que frequenta um curso de liderança certamente vai adquirir conhecimentos sobre o assunto, mas isso não garante que se tornará um líder nato. É necessário que o profissional tenha aptidão pessoal para a função, passando a receber uma remuneração condizente com a sua habilidade.
Esse é o tipo de estímulo que ajuda, até mesmo, a reduzir a rotatividade da companhia e favorece o recrutamento interno. Pois, dessa forma, a possibilidade de suprir demandas com os próprios colaboradores reduz a utilidade de processos seletivos externos.
3 – Remuneração variável
Algumas empresas preferem optar por remunerar seus colaboradores por tarefas realizadas ou unidade de tempo. Um bom exemplo é o pagamento pela produção de uma peça de roupa costurada ou pela hora trabalhada.
Em casos como o principal cuidado é que a remuneração do trabalhar nunca poderá ser inferior ao salário mínimo legal, de acordo com as leis da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Assim:
Art. 78: “Quando o salário for ajustado por empreitada, ou convencionado por tarefa ou peça, será garantida ao trabalhador uma remuneração diária nunca inferior à do salário-mínimo por dia normal da região, zona ou subzona”.
Pode-se dizer que a remuneração variável é o conjunto de diversas formas de recompensa oferecidas aos colaboradores, a fim de complementar o seu salário fixo.
Dois exemplos desse tipo de remuneração são: a remuneração por resultados e participação acionária, ambas atreladas ao desempenho dos funcionários.
Em todo caso, se trata de um mecanismo útil, principalmente para os profissionais que trabalham em regime remoto, ou seja, home office. Isso acontece porque, nesses casos, a área de Recursos Humanos – RH possui maneiras limitadas de controle das atividades que estão sendo desempenhadas.
4 – Participação acionária
Esse é o tipo de remuneração muito usada para cargos de gestão. A participação acionária está embasada no oferecimento de uma fração da empresa para o colaborador, mesmo que em pequena escala. Ela pode ser realizada através de quotas ou ações, o que vai depender do tipo de sociedade.
Dessa forma, o profissional pode receber dividendos ou lucrar futuramente com a venda do título financeiro. Logo possui um benefício extra. Mas sempre estará condicionado ao resultado da organização.
Este tipo de remuneração é um dos mais complexos e sofisticados do conjunto de remuneração estratégica. Os colaboradores passam a ser como proprietários da empresa, passando a ter um maior senso de identidade, comprometimento e orientação para resultados.
Entretanto, é fundamental que exista um planejamento muito bem elaborado para a implantação de um plano de participação acionária, já que essa estratégia pode apresentar futuras desvantagens aos reais proprietários da empresa.
5 – Salário indireto
A expressão salário indireto, está diretamente ligada aos benefícios anexados aos vencimentos do colaborador, como: plano de saúde, vale-refeição, auxílio creche, pagamento de estudos em geral, auxílio automóvel, auxílio financeiro, auxílio médico, auxílio estacionamento, assistência odontológica, transporte, alimentação, etc.
Ou seja, é composto pelos benefícios oferecidos pelas empresas aos seus funcionários. Muitas vezes, esses benefícios representam uma parcela apreciável da remuneração total.
Normalmente, os benefícios são oferecidos aos colaboradores sem alternativa de escolha e, em muitos casos, pode acontecer de eles sequer agregarem valor real para os funcionários.
Ao mesmo tempo que, podem ser incentivos determinantes para que o profissional permaneça na empresa e não busque outras ofertas de trabalho. Igualmente, os processos seletivos externos serão facilitados caso a organização conte com um excelente pacote de vantagens.
6 – Comissões e premiações
Apesar de serem tipos de remunerações variáveis, as comissões e prêmios valem a pena ser mencionadas à parte. Isso acontece porque elas exercem um importante papel para motivar os colaboradores.
As comissões são uma porcentagem oferecida pela realização de um negócio. Como o fechamento de contratos, venda, vitória em processos judiciais e etc. A ideia aqui é que o benefício seja um percentual do proveito econômico da atividade realizada com êxito.
Enquanto as premiações estão ligadas diretamente a metas tanto individuais quanto coletivas. A depender de como a empresa prefere realizar o processo. Em resumo, a empresa oferece um benefício financeiro ou uma experiência de vida em decorrência de um resultado preestabelecido ser alcançado.
7 – Remuneração por competências
Mais conhecida no universo gerencial de uma empresa, a remuneração por competências passou a ser interessante por conta de fatores como: crescimento do setor de serviços na economia, aumento da demanda de profissionais qualificados, necessidade de conhecimento intensivo nas empresas em geral, e outras características que agregam valor às competências de cada colaborador.
A remuneração por competências abrange o trabalho administrativo, sendo caracterizado pela incerteza, abstração e criatividade. Isso quer dizer que, se a empresa quiser implantar esse modelo de remuneração, será preciso descobrir quais são as habilidades e competências essenciais para a organização.
Determinar essas habilidades não é uma tarefa nada fácil, mas a partir do momento que são identificadas, a empresa deverá ir atrás das mesmas, tanto nos indivíduos e grupos que já trabalham para ela quanto para os novos talentos que chegarão.
Alternativas criativas
São maneiras de remuneração que promovem um vínculo imediato entre empresa e empregado. O reconhecimento, o feedback e a orientação, são muito importantes para este modelo, pois existe uma relação grande entre a motivação, recompensa e desempenho. Existem quatro tipos de reconhecimento:
Social: reconhecimento feito por meio de agradecimentos em público, cartas de reconhecimento, jantares de comemoração e outros;
Simbólico: reconhecimento feito por meio de premiações como passagens de avião, convites para jantares, festas, shows e peças de teatros;
Relacionado ao trabalho: promoções, participação em projetos especiais, mudanças de cargo, aumento e outras opções de reconhecimento no trabalho;
Financeiro: pode ser feito por meio de bônus, ações da empresa, prêmios especiais, participação nos lucros e outros.
Como escolher o tipo ideal de remuneração para a sua empresa?
O primeiro passo é analisar cuidadosamente o perfil da sua organização e o quadro de funcionários que ela engloba. Antes de tomar qualquer decisão, tenha em mente o seguinte critério básico: ao implementar um novo tipo de remuneração ela passará a fazer parte da história e cultura da sua empresa, o que será, futuramente, muito mais difícil desfazer esse padrão sem gerar impactos na equipe.
Por conta dos mais diversos tipos de opções, pode parecer um pouco complicado escolher um único tipo de remuneração que se adeque à sua organização. Não é à toa que, normalmente, as empresas oferecem diferentes benefícios para cada função.
Os variados tipos de remuneração
Ao analisar os variados tipos de remuneração, observe que elas possuem finalidades diferentes. Caso o seu objetivo seja, por exemplo, aumentar o número de vendas, talvez seja mais interessante optar por um regime de remuneração que possa fixar uma comissão do que uma gratificação por habilidades. Dessa forma, reflita sobre as opções disponíveis como estratégias para que você consiga alcançar objetivos e metas de negócios.
Observe os planos de cargos e salários
Também é importante mencionar que a remuneração deve ser compatível com a posição do colaborar na estrutura da empresa, sendo considerado o plano de cargos e salários. Afinal de contas, não faz qualquer sentido uma pessoa ser promovida para receber menos e ter mais carga de trabalho e responsabilidades. Bem como a fixação de uma remuneração por habilidade para uma função que não requer qualquer conhecimento técnico.
Benefícios trazem vantagens para todos
Alguns benefícios são altamente relevantes para que você consiga tornar sua organização mais atrativa para possíveis colaboradores. Como por exemplo o salário indireto, que é frequentemente considerado quando as pessoas comparam diferentes anúncios de vaga. Deu para perceber como o impacto no desenvolvimento de uma marca empregadora é outro importante quesito na hora de escolher os tipos de remuneração?
Calcule as despesas
As despesas são, de fato, um ponto altamente limitante na hora de escolher qual o melhor, ou os melhores, tipo de remuneração para a sua empresa. Podemos usar como exemplo, conceder uma participação acionária relevante para cada colaborador, o que pode ser demasiadamente caro, apesar de que em determinadas posições estratégicas pode ser algo interessante.
Agora que você já conheceu e sabe como funcionam os diversos tipos de remuneração, estude a fundo a legislação, seus impactos e como ela pode interferir no desempenho da sua equipe. Feito isso, aí sim, você já pode começar a pensar e analisar de maneira criteriosa para, então, decidir implantar novos modelos na sua organização.
E a sua empresa? Como está no quesito remuneração? Qual ou, quais os tipos que estão sendo colocados em prática nesse momento? Está tendo resultados satisfatórios? Deixe o seu comentário e compartilhe este conteúdo com seus amigos em suas redes sociais!
Imagem: hvostik / Shutterstock